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Foto do escritorFelipe Garofallo

TPLO

A TPLO (Osteotomia de Nivelamento do Platô Tibial) é uma das técnicas cirúrgicas mais utilizadas para o tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCCr) em cães.



Essa condição é uma das causas mais comuns de claudicação em membros pélvicos, especialmente em raças de médio a grande porte, como Labradores, Golden Retrievers e Pastores Alemães. A ruptura do LCCr causa instabilidade na articulação do joelho, levando a dor, inflamação e alterações degenerativas como a osteoartrite.

A técnica da TPLO baseia-se em uma abordagem biomecânica para estabilizar o joelho afetado. Em vez de substituir o ligamento rompido, como ocorre em outras técnicas, a TPLO altera a anatomia funcional da articulação por meio de uma osteotomia curvilínea no platô tibial proximal. Essa osteotomia permite o reposicionamento do platô tibial em um ângulo mais próximo de 5 graus em relação ao eixo do fêmur, reduzindo a força de cisalhamento que ocorre durante a locomoção e eliminando a dependência do LCCr para estabilizar a articulação.

O procedimento é tecnicamente desafiador e requer equipamentos especializados, incluindo serras oscilantes, placas ortopédicas específicas e parafusos de fixação. O uso de radiografias pré-operatórias é essencial para medir o ângulo do platô tibial e planejar adequadamente a cirurgia. Durante o procedimento, a precisão na realização da osteotomia e no reposicionamento do platô tibial é crucial para o sucesso clínico e a minimização de complicações, como instabilidade residual, mau alinhamento ou falha na fixação.

A recuperação após a TPLO é um aspecto crítico do manejo pós-operatório. Os cães geralmente são liberados com restrição de atividade por pelo menos 6 a 8 semanas, com controle rigoroso do movimento para permitir a consolidação óssea.


Fisioterapia assistida, incluindo exercícios de amplitude de movimento, hidroterapia e fortalecimento muscular, é amplamente recomendada para melhorar o retorno à função normal do membro. A analgesia adequada, com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e analgésicos complementares, ajuda a reduzir a dor e promover o conforto durante o processo de recuperação.

Estudos clínicos demonstram altas taxas de sucesso da TPLO, com mais de 90% dos cães retornando a níveis satisfatórios de função e atividade. No entanto, como qualquer procedimento cirúrgico, a TPLO está associada a possíveis complicações. Estas incluem infecções no local da cirurgia, falha na fixação do implante, retardo de consolidação óssea e raramente, progressão da osteoartrite. Além disso, fatores como obesidade, doenças concomitantes e manejo inadequado durante o período de recuperação podem impactar negativamente os resultados.

A escolha da TPLO como método de tratamento deve ser baseada em uma avaliação clínica detalhada, levando em consideração fatores como idade, peso, nível de atividade e presença de outras condições ortopédicas ou sistêmicas. Em cães jovens e ativos, a TPLO é frequentemente considerada a técnica de escolha devido à sua capacidade de restaurar a biomecânica funcional do joelho de maneira eficiente. Em contrapartida, em cães idosos ou com comorbidades significativas, outras técnicas como a sutura extracapsular podem ser consideradas como alternativas.

Portanto, a TPLO é uma abordagem robusta e amplamente validada para o manejo da ruptura do LCCr, proporcionando alívio da dor, restauração da função e melhora na qualidade de vida de cães afetados. O sucesso a longo prazo depende de uma execução cirúrgica precisa, manejo pós-operatório cuidadoso e colaboração eficaz entre o veterinário e os tutores.

Referências bibliográficas:

  1. Fitzpatrick, N., & Solano, M. A. (2010). Biomechanics of the cranial cruciate ligament and stifle joint stabilization in dogs: A review. Veterinary Surgery, 39(4), 293-302. https://doi.org/10.1111/j.1532-950X.2010.00652.x

  2. Conzemius, M. G., Evans, R. B., Besancon, M. F., & Gordon, W. J. (2005). Effect of TPLO on gait mechanics and stifle kinematics in dogs with cranial cruciate ligament deficiency. Veterinary Surgery, 34(3), 238-244. https://doi.org/10.1111/j.1532-950X.2005.00036.x


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102

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