A amantadina é um medicamento que tem sido investigado no tratamento da dor em cães, incluindo dores articulares associadas a condições como osteoartrite e artrite.
Embora originalmente tenha sido desenvolvida como um antiviral para o tratamento da gripe em humanos, a amantadina demonstrou ter propriedades analgésicas significativas em estudos clínicos e pré-clínicos. A amantadina atua como um antagonista dos receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA), bloqueando a atividade excessiva desses receptores e, consequentemente, reduzindo a sensibilização central e a percepção da dor. Além disso, a amantadina pode modular a liberação de neurotransmissores, como noradrenalina, serotonina e dopamina, que desempenham papéis importantes na modulação da dor e na regulação do humor.
Estudos clínicos em cães demonstraram que a amantadina pode ser eficaz no controle da dor associada a várias condições, incluindo osteoartrite, dor neuropática e dor pós-operatória. Em um estudo, cães com osteoartrite foram tratados com amantadina por um período de seis semanas. Os resultados mostraram uma melhora significativa na pontuação da dor e na qualidade de vida dos cães, com poucos efeitos colaterais relatados. Outros estudos relatam resultados semelhantes em cães com diferentes formas de dor crônica, sugerindo que a amantadina pode ser uma opção terapêutica valiosa para o manejo da dor em cães.
Além de seu potencial analgésico, a amantadina também tem sido investigada por seus efeitos moduladores na função motora e na recuperação neurológica em cães com lesões da medula espinhal. Estudos sugerem que a amantadina pode melhorar a mobilidade e a função locomotora em cães com paraplegia ou tetraplegia, possivelmente através de sua capacidade de modular a transmissão de sinais neurais e facilitar a plasticidade neuronal.
Em termos de segurança, a amantadina geralmente é bem tolerada em cães quando administrada corretamente. Os efeitos colaterais mais comuns incluem sedação, agitação, anorexia e distúrbios gastrointestinais. No entanto, esses efeitos são geralmente leves e transitórios, e podem ser minimizados com uma cuidadosa titulação da dose e monitoramento do paciente.
É importante ressaltar que o uso de amantadina em cães deve ser supervisionado por um veterinário qualificado, que pode avaliar a necessidade do medicamento com base na condição clínica do animal, história médica e resposta ao tratamento.
A amantadina não deve ser usada como tratamento único para condições dolorosas complexas, mas sim como parte de um plano de manejo multimodal que inclui outras terapias, como anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), analgésicos, fisioterapia, controle de peso e modificações ambientais.
Em resumo, a amantadina tem o potencial de ser uma ferramenta valiosa no tratamento da dor em cães, incluindo dores articulares associadas a condições como osteoartrite. Seus efeitos analgésicos e moduladores na função motora podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de cães afetados por condições dolorosas crônicas e debilitantes.
Referências bibliográficas
1. Hay, K. R., & Nettifee-Osborne, J. (2018). "Amantadine as a Multimodal Analgesic in Dogs: A Literature Review." Topics in Companion Animal Medicine, 33(2), 60-64.
2. Steagall, P. V., & Monteiro, B. P. (2017). "Multimodal analgesia for perioperative pain management in veterinary patients." Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 47(6), 1145-1165.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.