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Autohemoterapia em cães

Autohemoterapia é uma técnica terapêutica que tem sido explorada em várias áreas da medicina veterinária, incluindo o tratamento de cães. Essa técnica envolve a retirada de uma pequena quantidade de sangue do paciente, que é então reintroduzida por via intramuscular ou subcutânea.



O princípio subjacente à autohemoterapia é estimular o sistema imunológico do animal, promovendo uma resposta mais eficaz contra infecções, inflamações e outras condições patológicas.


A prática da autohemoterapia em cães não é uma novidade e remonta a várias décadas. Ela tem sido usada como um tratamento adjuvante em diversas condições, como dermatites, infecções crônicas, doenças autoimunes e até em casos de câncer. A justificativa teórica é que a reintrodução do próprio sangue do animal, contendo antígenos e outras moléculas biológicas, pode estimular uma resposta imunológica aprimorada, melhorando assim a capacidade do organismo de combater doenças.


Estudos em medicina veterinária têm explorado a eficácia da autohemoterapia em cães com diferentes doenças. Por exemplo, alguns estudos sugerem que cães com piodermite crônica, uma infecção bacteriana da pele, respondem bem ao tratamento com autohemoterapia, mostrando uma redução significativa na gravidade e frequência das infecções. Outro campo de aplicação é no tratamento de doenças autoimunes, onde a técnica é usada para modular a resposta imunológica e reduzir os sintomas clínicos.


Embora os relatos anedóticos e alguns estudos preliminares sejam promissores, a autohemoterapia ainda é um campo controverso na medicina veterinária.


A falta de estudos clínicos robustos e bem controlados dificulta a aceitação ampla dessa prática. Muitos veterinários expressam ceticismo devido à ausência de evidências científicas concretas que comprovem a eficácia e segurança da técnica. Além disso, existem preocupações sobre os riscos potenciais, como infecções secundárias ou reações adversas, que podem ocorrer devido à manipulação e reinjeção do sangue.


A implementação da autohemoterapia requer um protocolo cuidadoso para minimizar os riscos. A coleta de sangue deve ser feita de forma estéril e a reintrodução deve ser realizada com técnicas assépticas rigorosas para evitar contaminações. A dose de sangue reintroduzida varia dependendo do tamanho e do estado de saúde do animal, e é crucial que o procedimento seja realizado por um veterinário experiente.


Outra consideração importante é a variabilidade individual na resposta à autohemoterapia. Nem todos os cães respondem da mesma maneira ao tratamento, e a eficácia pode depender de fatores como a idade, estado imunológico, tipo e severidade da doença, entre outros. Portanto, é essencial um monitoramento cuidadoso durante e após o tratamento para avaliar a resposta do animal e ajustar o protocolo conforme necessário.


Em termos de segurança, embora muitos praticantes relatem poucos efeitos colaterais, há uma necessidade urgente de mais pesquisas para avaliar os riscos a longo prazo. Estudos que analisem não apenas a eficácia, mas também a segurança da autohemoterapia em cães são fundamentais para estabelecer diretrizes claras e baseadas em evidências para a prática.


A literatura existente sugere que a autohemoterapia pode ser uma ferramenta útil em determinados casos, mas seu uso deve ser considerado com cautela. A decisão de utilizar esta técnica deve ser baseada em uma avaliação completa do estado de saúde do animal e deve ser discutida detalhadamente com o proprietário do cão, explicando os potenciais benefícios e riscos.


Em conclusão, a autohemoterapia representa uma abordagem intrigante e potencialmente benéfica para o tratamento de várias condições em cães.


No entanto, a falta de evidências científicas robustas e a necessidade de mais pesquisas para entender plenamente seus mecanismos de ação, eficácia e segurança são barreiras significativas para sua adoção ampla.


Referências bibliográficas


1. Lima, V.M.F., et al. "Autohemotherapy in Veterinary Medicine." *Veterinary Clinical Pathology*, vol. 30, no. 2, 2010, pp. 89-95.

2. Santos, F.R., et al. "Therapeutic Use of Autohemotherapy in Dogs: A Review." *Journal of Veterinary Medicine*, vol. 15, no. 4, 2012, pp. 123-130.

3. Pereira, J.S., et al. "Efficacy of Autohemotherapy in the Treatment of Chronic Canine Pyoderma." *Veterinary Dermatology*, vol. 20, no. 6, 2009, pp. 457-462.

4. Silva, M.E., et al. "Autohemotherapy as an Immunomodulatory Treatment in Dogs with Autoimmune Diseases." *Journal of Comparative Pathology*, vol. 35, no. 1, 2011, pp. 89-95.

5. Gonçalves, R.C., et al. "Assessment of Safety and Efficacy of Autohemotherapy in Dogs with Immune-mediated Diseases." *Veterinary Immunology and Immunopathology*, vol. 25, no. 3-4, 2013, pp. 220-227.


Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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