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Foto do escritorFelipe Garofallo

Azatioprina em Cães

A azatioprina é um medicamento imunossupressor amplamente utilizado na medicina veterinária, especialmente no tratamento de condições autoimunes em cães. Como um análogo de purina, a azatioprina atua interferindo na síntese de DNA e RNA, o que resulta na inibição da proliferação de células imunológicas, particularmente os linfócitos. Essa ação imunossupressora é particularmente útil em casos onde o sistema imunológico do animal está hiperativo, atacando os próprios tecidos do corpo, como ocorre em doenças autoimunes.



O uso de azatioprina em cães é indicado em uma variedade de condições autoimunes, incluindo anemia hemolítica autoimune (AIHA), poliartrite imunomediada, doença inflamatória intestinal (DII), e lúpus eritematoso sistêmico (LES), entre outras. Em muitos desses casos, a azatioprina é utilizada em conjunto com corticosteroides, como a prednisona, para proporcionar um efeito imunossupressor mais eficaz e permitir uma redução na dose de corticosteroides, minimizando assim os efeitos colaterais a longo prazo associados ao uso desses medicamentos.


No entanto, o uso de azatioprina em cães deve ser cuidadosamente monitorado devido aos seus potenciais efeitos adversos. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão a mielossupressão, que pode levar a anemia, leucopenia, e trombocitopenia. Essa supressão da medula óssea é uma preocupação significativa, pois pode comprometer o sistema imunológico do animal, tornando-o mais suscetível a infecções. Além disso, hepatotoxicidade e pancreatite também são efeitos adversos relatados, sendo essencial a realização de exames de sangue regulares para monitorar a função hepática e a contagem de células sanguíneas durante o tratamento com azatioprina.


A farmacocinética da azatioprina em cães é variável, com uma biodisponibilidade que pode ser influenciada por fatores como a raça, idade e estado de saúde do animal. Após a administração oral, a azatioprina é rapidamente absorvida e metabolizada em mercaptopurina, seu metabólito ativo, que é responsável pela maior parte da atividade imunossupressora. Entretanto, a resposta ao tratamento pode variar de cão para cão, e ajustes na dose são frequentemente necessários para alcançar o efeito terapêutico desejado enquanto se minimiza o risco de efeitos colaterais.


Outra consideração importante ao usar azatioprina em cães é a interação com outros medicamentos. Por exemplo, quando usada em conjunto com alopurinol, um medicamento frequentemente prescrito para tratar hiperuricemia, pode haver um aumento no risco de toxicidade, pois o alopurinol inibe a xantina oxidase, uma enzima envolvida no metabolismo da azatioprina. Por isso, é essencial que os veterinários estejam atentos a possíveis interações medicamentosas e ajustem as doses conforme necessário.


O manejo adequado do tratamento com azatioprina envolve uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios. Embora a azatioprina seja eficaz no controle de doenças autoimunes, seu uso deve ser balanceado com a necessidade de monitoramento regular e ajustes de dose para evitar complicações graves. Além disso, a decisão de iniciar a terapia com azatioprina deve ser baseada em uma avaliação abrangente do estado de saúde do animal, levando em consideração fatores como a presença de outras condições médicas e o uso concomitante de outros medicamentos.


Em conclusão, a azatioprina é um agente imunossupressor valioso na medicina veterinária para o tratamento de uma variedade de doenças autoimunes em cães. Seu uso, no entanto, requer uma abordagem cautelosa e bem monitorada devido aos seus potenciais efeitos colaterais e a variabilidade na resposta ao tratamento. O monitoramento regular da contagem de células sanguíneas e da função hepática é essencial para garantir a segurança e eficácia da terapia com azatioprina em cães.


Referências Bibliográficas


1. Plumb, D. C. (2018). *Plumb's Veterinary Drug Handbook* (9th ed.). Hoboken, NJ: Wiley-Blackwell.


2. Trepanier, L. A., & Lunn, K. F. (2001). "Immunosuppressive drugs in small animal medicine: An update." *Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice*, 31(5), 1121-1147.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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