O botulismo é uma doença rara em cães e que ocorre pelo contágio da bactéria Clostridium botulinum.
Etiologia (causa)
A contaminação pela bactéria Clostridium botulinum pode ocorrer em cães através da ingestão de animais mortos, tecidos em decomposição ou material vegetal onde a bactéria realizou a produção da toxina botulínica.
Existem sete tipos de Clostriudium botulinum, sendo: A, B, C1, D, E, F, G, sendo o tipo C o mais comum em cães.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos costumam ocorrer após 12 horas da ingestão toxina botulínica, afetando o sistema neurológico do animal. Nesses pacientes, ocorre uma paralisia flácida pode causar o óbito do pacientes por insuficiência respiratória devido à paralisação da musculatura do diafragma.
Um cão que ingeriu a toxina botulínica pode desenvolver sinais clínicos diversos, tais como vômito, diarréia, sialorréia (salivação excessiva), dor no abdômen, fraqueza, paralisia flácida bilateral com início nos membros pélvicos (posteriores), dificuldade em deglutir e respirar.
Paralisia facial, constipação e incapacidade de urinar e pneumonia aspirativa também podem ocorrer. Nos cães afetados pelo botulismo, não há alteração do nível de consciência.
Diagnóstico
O diagnóstico de botulismo em cães é difícil, uma vez que é uma doença rara e os sinais clínicos podem facilmente ser confundidos com outras doenças.
A suspeita deve ser baseada no histórico de ingestão de material em decomposição, assim como o sinal clínico de paralisia flácida, inicialmente nos membros pélvicos, com piora progressiva para os membros torácicos.
Amostras de sangue, fezes e vômito podem ser testadas para a toxina botulínica, porém, a análise é pouco realizada na rotina clínica veterinária.
Doenças como a miastenia gravis, acidente vascular cerebral (AVC) ou outras intoxicações devem ser consideradas como diagnósticos diferenciais.
Tratamento
O tratamento do botulismo é baseado em suporte ao paciente acometido, sendo imprescindível a ventilação mecânica para os cães acometidos.
A perda da capacidade de esvaziar a bexiga pode estar presente, sendo o esvaziamento manual necessário. Antibióticos para infecções secundárias também podem ser administrados, assim como colírios para lubrificação dos olhos.
Nos casos de botulismo, os pacientes também devem receber fluidoterapia, sondagem nasogástrica ou esofágica, troca constante de decúbito e devem permanecer em local macio para evitar escaras de decúbito.
A fisioterapia em animais com botulismo é indicada, através da amplitude de movimento passiva (PROM) e massagem terapêutica.
Prognóstico
O prognóstico para o botulismo em cães é reservado, entretanto, pacientes que recebem o suporte adequado podem conseguir se recuperar em cerca de três semanas.
Referências bibliográficas
Nemath, E & Sterczer, Agnes & Máthé, Akos & Voros, K & Sztojkov, V & Biksi, Imre. (2003). Clinical case of botulism in three dogs. Magyar Allatorvosok Lapja. 125. 608-616.
Jeyaraja, K & Saikrishna, KS & Kumar, E & R., Ramprabhu. (2021). Botulism in dogs: A clinical case study. Journal of Entomology and Zoology Studies. 9. 346-347. 10.22271/j.ento.2021.v9.i3e.8726.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.