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Foto do escritorFelipe Garofallo

Ciclosporina para doenças autoimunes em cães

A ciclosporina é um medicamento imunossupressor amplamente utilizado na medicina veterinária para o tratamento de doenças autoimunes em cães. Esse fármaco tem se mostrado eficaz no manejo de várias condições imunomediadas, como dermatite atópica, doença inflamatória intestinal, anemia hemolítica autoimune, e outras doenças autoimunes.



A ciclosporina atua inibindo a atividade das células T, que são uma parte crucial do sistema imunológico responsável pela resposta imunológica. Em cães com doenças autoimunes, o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidos do próprio corpo, levando a inflamação e danos teciduais. A capacidade da ciclosporina de suprimir a resposta imunológica desregulada é fundamental para controlar esses processos patológicos.


Na dermatite atópica canina, uma condição crônica e pruriginosa causada por uma reação alérgica a alérgenos ambientais, a ciclosporina é frequentemente prescrita. Estudos demonstraram que a ciclosporina reduz significativamente o prurido e a inflamação cutânea, melhorando a qualidade de vida dos cães afetados. A dosagem inicial recomendada para a dermatite atópica é de 5 mg/kg uma vez ao dia, podendo ser ajustada de acordo com a resposta clínica do animal.


Outro uso importante da ciclosporina é no tratamento da doença inflamatória intestinal (DII) em cães. A DII é caracterizada pela inflamação crônica do trato gastrointestinal, levando a sintomas como diarreia, vômito e perda de peso. A ciclosporina ajuda a reduzir a inflamação intestinal e pode ser utilizada em conjunto com outros tratamentos, como dietas hipoalergênicas e antibióticos. A dose para a DII pode variar, mas geralmente começa em 5 mg/kg e pode ser ajustada conforme necessário.


A ciclosporina também é eficaz na gestão da anemia hemolítica autoimune (AHAI), uma condição em que o sistema imunológico destrói os glóbulos vermelhos do próprio animal. Esse tratamento imunossupressor ajuda a reduzir a destruição dos glóbulos vermelhos, melhorando a contagem sanguínea e a condição geral do cão. Em casos de AHAI, a ciclosporina pode ser administrada em doses de 5-10 mg/kg duas vezes ao dia, dependendo da gravidade da doença e da resposta ao tratamento.


Além dessas condições, a ciclosporina pode ser usada para tratar outras doenças autoimunes, como a púrpura trombocitopênica idiopática, em que o sistema imunológico destrói as plaquetas sanguíneas, e o lúpus eritematoso sistêmico, uma doença crônica que pode afetar múltiplos órgãos.


Apesar de sua eficácia, a ciclosporina não está isenta de efeitos colaterais. Os efeitos adversos mais comuns incluem transtornos gastrointestinais, como vômito e diarreia. A longo prazo, o uso de ciclosporina pode aumentar o risco de infecções devido à supressão do sistema imunológico. Monitoramento regular por um veterinário é essencial para ajustar a dose e minimizar os riscos.


Além disso, a ciclosporina pode interagir com outros medicamentos. Por exemplo, a combinação com certos antibióticos ou antifúngicos pode aumentar os níveis de ciclosporina no sangue, necessitando de ajustes na dose para evitar toxicidade. Da mesma forma, medicamentos indutores de enzimas hepáticas podem reduzir a eficácia da ciclosporina ao acelerar seu metabolismo.


A administração da ciclosporina deve ser feita com cautela e sob supervisão veterinária. É crucial seguir as instruções de dosagem e monitorar os animais regularmente para avaliar a resposta ao tratamento e ajustar a dose conforme necessário. A adesão rigorosa ao regime de tratamento e a comunicação aberta com o veterinário ajudarão a garantir a segurança e a eficácia do uso de ciclosporina no manejo de doenças autoimunes em cães.


Referências bibliográficas


1. Olivry, T., DeBoer, D. J., Favrot, C., Jackson, H. A., Mueller, R. S., Nuttall, T., & Prélaud, P. (2010). Treatment of canine atopic dermatitis: 2010 clinical practice guidelines from the International Task Force on Canine Atopic Dermatitis. *Veterinary Dermatology*, 21(3), 233-248.

2. Allenspach, K., Wieland, B., Gröne, A., & Gaschen, F. (2007). Chronic enteropathies in dogs: evaluation of risk factors for negative outcome. *Journal of Veterinary Internal Medicine*, 21(4), 700-708. Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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