A cinomose é uma doença viral causada por um vírus chamado paramixovírus.
Etiologia (causa)
A cinomose ocorre através do contato com animais ou locais infectados pelo paramixovírus, pelo contato com a urina, saliva, tosse, espirros, sangue ou fômites (como potes de água e de ração).
A doença também pode afetar outras espécies como coiotes, lobos, raposas, gambás e gatos selvagens.
Predisposição racial
Não há predisposição racial para o vírus da cinomose, entretanto, a infecção ocorre com maior frequência em animais jovens não vacinados, adultos não vacinados, animais imunossuprimidos e idosos. O vírus da cinomose é resistente ao frio, e os casos tendem a aumentar no inverno.
Sinais clínicos (sintomas)
O início dos sinais clínicos podem se apresentar em até 14 dias após a exposição viral, afetando diversos sistemas, tais como: respiratório, gastrointestinal, imunológico, cutâneo e sistema nervoso central.
Os sinais respiratórios podem incluir: tosse, espirros, dispneia, pneumonia, e secreção nasal, enquanto sinais do sistema gastrointestinal podem se apresentar como: vômito, diarréia, perda de apetite e sialorréia (salivação excessiva).
No sistema nervoso, os sinais ocorrem principalmente em decorrência do tropismo do vírus pelo cerebelo e nervos, causando sinais sinais clínicos como mioclonias (espasmos musculares involuntários), head-tilt (inclinação da cabeça), andar em círculos, incoordenação motora, convulsões, e paralisia total ou parcial dos membros.
O sistema cutâneo também pode ser afetado, hiperqueratose dos coxins e focinho, além de feridas na pele.
Os cães podem ainda ter febre, dor e secreção ocular e desgaste do esmalte dentário.
Diagnóstico
No hemograma de animais com cinomose, a linfopenia (diminuição dos linfócitos) é uma alteração encontrada com frequência.
Podem ocorrer também leucocitose por neutrofilia devido à infecções bacterianas secundárias ou pelo processo inflamatório crônico instalado.
O diagnóstico da cinomose pode ser realizado através de testes rápidos de imunocromatografia por amostras de secreções do nariz, olhos e urina, além de sorologia e PCR.
Tratamento
A cinomose é uma doença sem cura e não existe tratamento direito para o paramixovírus, entretanto, o tratamento suporte poderá ser realizado e alguns animais podem conseguir sobreviver.
Na maioria dos pacientes sobreviventes, os animais podem apresentar sequelas que podem melhorar com o uso de células-tronco e tratamentos de fisioterapia e acupuntura.
O tratamento suporte poderá ser realizado com antibióticos para infecções secundárias, analgésicos, anticonvulsivantes, nutrição endovenosa, e antipiréticos.
Em caso de suspeita de um cão com cinomose, consulte um médico-veterinário para que seu pet receba o tratamento adequado.
Prevenção
A cinomose pode ser prevenida através da vacinação, por isso, filhotes não devem sair para passear ou ter exposição a outros cães antes do término do protocolo de vacinação.
Referências bibliográficas
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Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.