A cirurgia ortopédica minimamente invasiva em cães é uma abordagem cirúrgica que tem ganhado destaque tanto na medicina humana quanto veterinária.
Seu objetivo é realizar intervenções com menor trauma tecidual em comparação às técnicas convencionais, utilizando tecnologias avançadas, como artroscopia, fluoroscopia e instrumentação específica. Esse método é especialmente atrativo em ortopedia, onde o trauma cirúrgico pode impactar significativamente na recuperação do paciente.
Um dos principais benefícios desse tipo de cirurgia é a redução da dor pós-operatória, devido ao menor dano aos tecidos moles circundantes.
Em cirurgias tradicionais, as incisões amplas e a manipulação extensiva de músculos e ligamentos frequentemente resultam em inflamação e dor significativa. Já na CMI, as incisões são menores e o acesso às estruturas internas é mais preciso, promovendo uma recuperação mais rápida e confortável. Além disso, o risco de infecções e complicações, como a deiscência de sutura, é reduzido, visto que a área exposta é limitada.
Outro ponto positivo é o tempo de recuperação mais curto. Em pacientes veterinários, isso é particularmente relevante, já que o retorno às atividades normais é uma prioridade tanto para os animais quanto para seus tutores. Menor edema, cicatrização acelerada e necessidade reduzida de internação hospitalar são fatores que tornam a CMI uma escolha vantajosa em diversas situações clínicas.
Entretanto, apesar de suas vantagens, existem limitações que devem ser consideradas. Primeiramente, a curva de aprendizado para o cirurgião é mais longa. As técnicas exigem treinamento específico, além de um profundo conhecimento anatômico e habilidades motoras finas.
A dependência de equipamentos especializados, como torres de vídeo e câmeras de alta resolução, pode representar um desafio financeiro para clínicas que desejam adotar essa abordagem. Além disso, a visualização limitada das estruturas internas pode dificultar a execução de algumas correções complexas, aumentando o risco de complicações ou a necessidade de conversão para técnicas abertas.
Outro aspecto limitante é a aplicabilidade. Nem todos os casos ortopédicos são candidatos para a CMI. Lesões extensas ou fraturas graves podem demandar uma abordagem aberta, que oferece maior controle e estabilidade durante a intervenção. Assim, a decisão pelo uso da CMI deve ser individualizada, considerando as condições do paciente, as habilidades do cirurgião e os recursos disponíveis.
Em suma, a cirurgia ortopédica minimamente invasiva representa um avanço significativo no campo da ortopedia veterinária, proporcionando benefícios tangíveis em termos de recuperação e bem-estar animal. Contudo, seus desafios práticos e limitações técnicas destacam a importância de um planejamento criterioso e de profissionais qualificados para garantir os melhores resultados possíveis.
Referências bibliográficas
1) Fitzpatrick, N., & Yeadon, R. (2009). Minimally invasive fracture repair. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, 39(5), 953-971.
2) Beale, B. S., Hulse, D. A., Schulz, K. S., & Whitney, W. O. (2015). Arthroscopy and minimally invasive surgery. In Small Animal Orthopedics and Arthrology.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102
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