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Foto do escritorFelipe Garofallo

Como gerenciar a dor em cães com displasia coxofemoral

A displasia coxofemoral, uma condição genética caracterizada pelo desenvolvimento anormal da articulação do quadril, é uma das principais causas de dor crônica em cães. Essa patologia pode resultar em um desgaste progressivo da cartilagem articular e em alterações ósseas, levando a dor, inflamação e, eventualmente, a artrite degenerativa.



O manejo da dor nesses cães é essencial para melhorar sua qualidade de vida e retardar a progressão da doença. A abordagem deve ser multifatorial, incluindo o uso de medicamentos, mudanças no estilo de vida, terapias alternativas e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas.


O manejo medicamentoso da dor na displasia coxofemoral frequentemente começa com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). Esses medicamentos são eficazes na redução da inflamação e alívio da dor associada à artrite. AINEs como carprofeno, meloxicam e firocoxibe são comumente prescritos e podem proporcionar alívio significativo. No entanto, o uso prolongado desses medicamentos deve ser monitorado devido ao risco de efeitos colaterais gastrointestinais, hepáticos e renais.


Além dos AINEs, analgésicos adicionais podem ser utilizados para controlar a dor em cães com displasia coxofemoral. O tramadol, um opioide de ação central, pode ser prescrito para dores moderadas a graves. Em casos onde a dor é mais intensa e refratária aos AINEs, a gabapentina pode ser considerada. Esse medicamento atua como modulador da dor neuropática, sendo particularmente útil em cães que apresentam sinais de dor crônica e alteração na percepção da dor. Adicionalmente, o uso de amantadina, um antagonista do receptor NMDA, pode ser eficaz em casos de sensibilização central, onde o sistema nervoso se torna hiperexcitável devido à dor crônica.


Outro aspecto importante no manejo da dor é a modificação do estilo de vida. Manter o peso ideal é crucial para reduzir a carga sobre as articulações afetadas. A obesidade exacerba o desgaste articular e aumenta a inflamação, piorando a condição. Portanto, dietas controladas em calorias e programas de perda de peso são recomendados para cães com sobrepeso. O exercício moderado também desempenha um papel importante. Exercícios de baixo impacto, como caminhadas em superfícies planas e natação, podem fortalecer os músculos ao redor do quadril sem causar estresse excessivo nas articulações.


As terapias físicas e alternativas também são valiosas no manejo da displasia coxofemoral. A fisioterapia, incluindo exercícios de alongamento e fortalecimento, pode melhorar a mobilidade e reduzir a dor. A hidroterapia, especificamente, é muito benéfica, pois a flutuação na água diminui o peso suportado pelas articulações, permitindo um movimento mais livre e menos doloroso. Além disso, a acupuntura e o uso de implantes de ouro têm sido utilizados como tratamentos alternativos, com alguns relatos sugerindo alívio da dor em longo prazo.


Em casos onde o manejo conservador não proporciona alívio adequado, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Diversos procedimentos cirúrgicos estão disponíveis, dependendo da gravidade da displasia e da idade do cão. A osteotomia tripla do quadril (OTQ) e a osteotomia dupla do quadril (ODQ) são opções para cães jovens com displasia coxofemoral severa, visando reestruturar a articulação para melhor congruência. Para cães com artrite avançada e dor intratável, a substituição total do quadril ou a colocefalectomia são opções que podem proporcionar alívio significativo da dor e melhora da função.


Por fim, é importante destacar que o manejo da dor na displasia coxofemoral é uma jornada contínua que exige ajustes constantes. O veterinário deve monitorar regularmente a resposta ao tratamento e adaptar a abordagem conforme necessário. A comunicação aberta entre o veterinário e o tutor é essencial para garantir que o manejo da dor seja eficaz e que o bem-estar do animal seja maximizado.


Referências bibliográficas


1. Johnston, S. A., & Tobias, K. M. (2018). Veterinary Surgery: Small Animal. Elsevier.


2. Mathews, K. A., Kronen, P. W., Lascelles, D., Nolan, A., Robertson, S., Steagall, P. V., & Wright, B. (2014). Guidelines for recognition, assessment and treatment of pain: WSAVA Global Pain Council members and co-authors of this document. Journal of Small Animal Practice, 55(6), E10-E68.

Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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