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Foto do escritorFelipe Garofallo

Fístulas em cães

As fístulas de pele em cães são um problema veterinário significativo que pode causar desconforto considerável e comprometer a qualidade de vida do animal. Uma fístula de pele é um canal anormal que se forma entre a pele e uma estrutura subjacente, como um órgão interno ou outra área da pele. Esse problema pode surgir de várias causas, incluindo infecções, traumas, cirurgias prévias ou condições médicas subjacentes.



Fístulas cutâneas frequentemente apresentam-se como feridas que não cicatrizam, secreção de pus ou sangue, e áreas de inflamação ou irritação. Essas fístulas podem ser classificadas de acordo com a sua localização e a estrutura subjacente envolvida. Por exemplo, fístulas perianais, que se formam ao redor do ânus, são relativamente comuns em cães e podem ser extremamente dolorosas.


A etiologia das fístulas de pele é multifatorial. Infecções bacterianas são uma causa comum, especialmente em áreas onde a pele é fina ou constantemente úmida. Bactérias podem penetrar através de pequenas lesões na pele, estabelecendo uma infecção que pode evoluir para uma fístula se não for tratada adequadamente. Traumas, como mordidas ou arranhões profundos, também podem predispor os cães ao desenvolvimento de fístulas. Em alguns casos, procedimentos cirúrgicos prévios podem deixar áreas de tecido suscetíveis à formação de fístulas, especialmente se a cicatrização for complicada por infecções ou outras complicações pós-operatórias.


Certas raças de cães parecem ser mais predispostas a desenvolver fístulas de pele, particularmente fístulas perianais. O Pastor Alemão é uma raça notoriamente propensa a esse problema, e a condição pode ser agravada por fatores genéticos e anatômicos específicos da raça.


O diagnóstico de fístulas de pele em cães envolve uma combinação de exame físico detalhado, histórico médico do animal e testes diagnósticos adicionais. Durante o exame físico, o veterinário pode identificar a presença de uma ou mais aberturas na pele, secreção anormal e áreas de inflamação ou infecção.


Testes de imagem, como ultrassonografia ou radiografia, podem ser necessários para determinar a extensão da fístula e sua conexão com estruturas subjacentes. A cultura bacteriana da secreção pode ajudar a identificar os agentes infecciosos envolvidos, orientando a escolha de antibióticos apropriados.


O tratamento de fístulas cutâneas é geralmente multifacetado e pode incluir abordagens médicas e cirúrgicas. Antibióticos são frequentemente utilizados para tratar infecções bacterianas associadas, e anti-inflamatórios podem ser prescritos para reduzir a inflamação. Em casos de fístulas perianais, imunossupressores podem ser necessários, especialmente se houver uma componente autoimune subjacente.


A cirurgia pode ser indicada para remover o tecido afetado e promover a cicatrização adequada. Em casos complexos, procedimentos avançados, como a aplicação de colas biológicas ou enxertos de pele, podem ser considerados.


A gestão de fístulas de pele em cães também deve incluir medidas de suporte, como a manutenção de uma boa higiene na área afetada, o controle de fatores predisponentes e a monitorização regular pelo veterinário. A dieta pode desempenhar um papel importante, especialmente em casos associados a doenças inflamatórias intestinais. Uma alimentação equilibrada e, em alguns casos, dietas especiais hipoalergênicas podem ajudar a controlar a inflamação e promover a cicatrização.


A prevenção de fístulas cutâneas envolve a gestão adequada das condições subjacentes, a manutenção de uma boa higiene e a intervenção precoce ao primeiro sinal de infecção ou trauma na pele. Para raças predispostas, como o Pastor Alemão, pode ser útil adotar medidas preventivas adicionais e monitorar regularmente a saúde da pele.


Em conclusão, as fístulas de pele em cães são uma condição complexa que requer uma abordagem diagnóstica e terapêutica cuidadosa. A colaboração entre o veterinário e o tutor do animal é crucial para garantir um manejo eficaz, aliviar o desconforto do animal e prevenir recorrências. Com o tratamento adequado e cuidados contínuos, muitos cães podem ter uma boa qualidade de vida, apesar dessa condição desafiadora.


Referências bibliográficas


Boothe, D. M., & Boothe, H. W. (2015). Small Animal Clinical Pharmacology and Therapeutics. Elsevier Health Sciences.


Fossum, T. W. (2018). Small Animal Surgery. Elsevier Health Sciences.

Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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