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Gardenal (fenobarbital) em cães

Foto do escritor: Felipe GarofalloFelipe Garofallo

Atualizado: há 4 dias

O fenobarbital, conhecido comercialmente como Gardenal, é um dos anticonvulsivantes mais amplamente utilizados no tratamento de epilepsia em cães. Este medicamento é eficaz na gestão das crises epilépticas, proporcionando um controle significativo dos episódios convulsivos.


A epilepsia é uma condição neurológica caracterizada por crises convulsivas recorrentes, resultantes de descargas elétricas anormais no cérebro. Sem tratamento adequado, a frequência e a gravidade dessas crises podem aumentar, comprometendo seriamente a qualidade de vida do animal.


O fenobarbital atua como um agente depressor do sistema nervoso central (SNC), aumentando a atividade do neurotransmissor inibitório ácido gama-aminobutírico (GABA). Esta ação resulta em uma diminuição da excitabilidade neuronal e, consequentemente, reduz a probabilidade de ocorrência de crises convulsivas. Uma das vantagens do fenobarbital é sua eficácia comprovada ao longo dos anos, sendo considerado o medicamento de primeira linha para o controle de epilepsia em cães.


A administração de fenobarbital deve ser cuidadosamente monitorada, pois o ajuste da dosagem é crucial para alcançar o controle ideal das convulsões enquanto se minimizam os efeitos colaterais.


A dosagem inicial recomendada varia, geralmente começando com 2-3 mg/kg a cada 12 horas, podendo ser ajustada com base na resposta clínica e nos níveis séricos do medicamento.


Os níveis séricos de fenobarbital devem ser monitorados regularmente para assegurar que permaneçam dentro da faixa terapêutica, que geralmente é de 15-45 µg/mL. Exames de sangue periódicos também são necessários para monitorar a função hepática e hematológica, uma vez que o fenobarbital pode causar hepatotoxicidade e depressão medular com o uso prolongado.


Os efeitos colaterais do fenobarbital podem incluir sedação, ataxia, poliúria, polidipsia e polifagia, especialmente nas fases iniciais do tratamento. Estes efeitos tendem a diminuir à medida que o organismo do cão se ajusta ao medicamento.


Em alguns casos, o fenobarbital pode causar hepatotoxicidade, particularmente em doses altas ou em tratamentos prolongados. Por isso, é essencial monitorar a função hepática regularmente, realizando exames de sangue que avaliem as enzimas hepáticas. Além disso, a tolerância ao fenobarbital pode desenvolver-se ao longo do tempo, exigindo ajustes na dosagem ou a adição de outros anticonvulsivantes para manter o controle das crises.


O fenobarbital também interage com outros medicamentos, o que pode influenciar a sua eficácia e a dos outros fármacos administrados concomitantemente. Por exemplo, o uso concomitante de fenobarbital e fenitoína pode resultar em níveis séricos alterados de ambos os medicamentos, exigindo um monitoramento mais rigoroso. Além disso, a indução enzimática causada pelo fenobarbital pode acelerar o metabolismo de outros medicamentos, reduzindo sua eficácia.


A adesão ao tratamento é fundamental para o sucesso no controle da epilepsia. Os tutores devem ser informados sobre a importância de administrar o medicamento de forma consistente e no horário correto, pois a interrupção abrupta do fenobarbital pode precipitar crises convulsivas graves.


Além disso, os tutores devem estar atentos aos sinais de toxicidade hepática e outros efeitos colaterais, e devem ser encorajados a reportar qualquer mudança no comportamento ou na saúde do cão ao veterinário.


Em casos onde o fenobarbital não proporciona um controle adequado das crises ou causa efeitos colaterais significativos, pode ser necessário considerar a adição de outros anticonvulsivantes, como o brometo de potássio, levetiracetam ou zonisamida. Cada um destes medicamentos tem seu próprio perfil de eficácia e efeitos colaterais, e a escolha do tratamento adjuvante deve ser feita com base nas necessidades específicas do paciente.


O fenobarbital continua sendo um pilar no tratamento da epilepsia canina devido à sua eficácia comprovada e à experiência clínica acumulada ao longo das décadas. No entanto, a gestão bem-sucedida da epilepsia requer um enfoque integrado, incluindo um diagnóstico preciso, monitoramento regular e uma comunicação aberta entre o veterinário e o proprietário do animal. Com um manejo adequado, muitos cães com epilepsia podem levar vidas longas e saudáveis, desfrutando de uma boa qualidade de vida apesar da condição neurológica.


Referências bibliográficas


1. Boothe, D. M. (2012). Anticonvulsant therapy in veterinary medicine: recent advances and future directions. Veterinary Journal, 193(2), 287-292.

2. Podell, M. (1996). Antiepileptic drug therapy and monitoring. Topics in Companion Animal Medicine, 11(2), 70-81.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)97522-5102.

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