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Foto do escritorFelipe Garofallo

Infecções por Staphylococcus aureus em cães

As infecções por Staphylococcus aureus em cães representam um desafio significativo tanto para a saúde dos animais quanto para os profissionais veterinários.



O Staphylococcus aureus é uma bactéria gram-positiva que pode colonizar a pele e as membranas mucosas de várias espécies, incluindo cães e humanos. Nos cães, essas infecções podem se manifestar de diversas formas, afetando principalmente a pele, mas também podendo causar infecções sistêmicas mais graves.


O Staphylococcus aureus é uma bactéria oportunista, o que significa que ela geralmente coloniza o hospedeiro sem causar doenças, mas pode causar infecções quando a barreira cutânea é quebrada ou o sistema imunológico do hospedeiro está comprometido. Nos cães, as infecções cutâneas são as mais comuns e podem ocorrer secundariamente a lesões, picadas de insetos, alergias ou outras condições dermatológicas. Essas infecções cutâneas podem se manifestar como piodermas, que são infecções purulentas da pele, incluindo foliculite (infecção dos folículos pilosos) e furunculose (infecção mais profunda do folículo piloso e do tecido circundante).


A transmissão de Staphylococcus aureus pode ocorrer de várias maneiras. Os cães podem contrair a bactéria de outros animais ou humanos colonizados ou infectados. A transmissão também pode ocorrer por meio de objetos contaminados, como tigelas de alimentação, brinquedos ou roupas de cama. Além disso, a bactéria pode ser transmitida durante procedimentos veterinários, especialmente se não forem seguidas práticas adequadas de controle de infecção.


Os sinais clínicos de infecção por Staphylococcus aureus em cães variam dependendo da localização e da gravidade da infecção. As infecções cutâneas podem se apresentar com prurido intenso, vermelhidão, pústulas, crostas e alopecia. Em casos graves, podem se desenvolver abscessos ou celulite. As infecções sistêmicas, embora menos comuns, podem ser extremamente graves e incluir sepse, pneumonia, artrite séptica e osteomielite.


O diagnóstico de infecções por Staphylococcus aureus geralmente envolve uma combinação de histórico clínico, exame físico e testes laboratoriais. A cultura bacteriana e a sensibilidade antimicrobiana são essenciais para confirmar a presença da bactéria e determinar o tratamento antibiótico mais eficaz. A citologia cutânea, onde amostras da pele são examinadas microscopicamente, também pode ser útil para identificar a presença de bactérias e células inflamatórias.


O tratamento de infecções por Staphylococcus aureus em cães geralmente envolve o uso de antibióticos, tanto tópicos quanto sistêmicos, dependendo da gravidade da infecção. Antibióticos comuns usados incluem cefalosporinas, clindamicina e enrofloxacina. No entanto, a emergência de cepas resistentes, como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), tem complicado o tratamento dessas infecções. MRSA é resistente a muitos antibióticos comuns e pode exigir o uso de agentes mais potentes e frequentemente mais tóxicos.


Além da terapia antimicrobiana, é crucial tratar as condições subjacentes que podem ter predisposto o cão à infecção. Isso pode incluir o tratamento de alergias, parasitas ou outras condições dermatológicas. A higiene adequada e o manejo ambiental também são importantes para prevenir a reinfecção.


A prevenção de infecções por Staphylococcus aureus em cães envolve várias estratégias. Manter uma boa higiene, incluindo banhos regulares e cuidados adequados com a pele, pode ajudar a prevenir infecções cutâneas. Evitar o contato com animais ou humanos infectados e desinfetar regularmente os objetos usados pelos cães também são medidas importantes. Em ambientes veterinários, seguir protocolos rigorosos de controle de infecção pode reduzir o risco de transmissão durante procedimentos médicos.


A conscientização sobre a resistência antimicrobiana e o uso prudente de antibióticos são fundamentais para controlar a propagação de cepas resistentes como o MRSA. Veterinários e proprietários de animais devem trabalhar juntos para garantir que os antibióticos sejam usados apenas quando necessário e de acordo com as diretrizes prescritas.


As infecções por Staphylococcus aureus em cães são um problema veterinário importante que requer um diagnóstico preciso e um tratamento adequado. Com a crescente preocupação com a resistência antimicrobiana, é crucial adotar abordagens preventivas e terapêuticas baseadas em evidências para garantir a saúde e o bem-estar dos animais. A colaboração entre veterinários, proprietários de animais e pesquisadores é essencial para enfrentar esse desafio de maneira eficaz e sustentável.


Referências bibliográficas

1. Bannoehr, J., & Guardabassi, L. (2012). Staphylococcus pseudintermedius in the dog: taxonomy, diagnostics, ecology, epidemiology and pathogenicity. The Veterinary Journal, 192(3), 279-288.

2. Moodley, A., & Guardabassi, L. (2009). Clonal spread of methicillin-resistant coagulase-positive staphylococci among dogs in multiple veterinary practices. Veterinary Microbiology, 135(3-4), 338-345.


Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.

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