Leflunomida em Cães

A leflunomida é um imunomodulador utilizado na medicina veterinária, especialmente no tratamento de doenças autoimunes em cães, como a poliartrite imunomediada, a meningite arterite e o lúpus eritematoso sistêmico.

Este fármaco age inibindo a síntese de pirimidinas, o que resulta na supressão da proliferação de linfócitos T e B, células-chave na resposta imunológica. Além disso, a leflunomida exerce efeitos anti-inflamatórios, contribuindo para a redução dos sinais clínicos associados às doenças autoimunes.

Em cães, a leflunomida é administrada principalmente quando outras terapias, como corticosteroides ou imunossupressores mais tradicionais, não produzem o efeito desejado ou causam efeitos colaterais significativos. Este medicamento é particularmente útil devido ao seu perfil de segurança relativamente favorável, especialmente em cães que não toleram bem corticosteroides em longo prazo. A dosagem da leflunomida deve ser cuidadosamente ajustada para cada paciente, considerando fatores como o peso, a condição clínica e a resposta ao tratamento. Normalmente, a administração é diária, e os efeitos terapêuticos podem demorar algumas semanas para se manifestar plenamente.

Apesar de ser um medicamento eficaz, o uso de leflunomida não está isento de riscos. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão a hepatotoxicidade, que pode se manifestar por elevações nas enzimas hepáticas, e a mielossupressão, que resulta em diminuição da produção de células sanguíneas. Devido a esses riscos, o monitoramento regular por meio de exames de sangue é essencial durante o tratamento com leflunomida. Além disso, devido à possibilidade de interação com outros medicamentos, é importante que o veterinário revise cuidadosamente todos os fármacos que o cão esteja tomando antes de iniciar a leflunomida.

Outro aspecto importante a ser considerado é a farmacocinética da leflunomida em cães, que pode variar consideravelmente entre indivíduos. Isso se deve, em parte, às diferenças no metabolismo do fármaco, que pode influenciar tanto a eficácia quanto a segurança do tratamento. Pesquisas indicam que a leflunomida tem uma meia-vida longa em cães, o que pode exigir ajustes na frequência de administração para evitar toxicidade.

Embora o uso da leflunomida em medicina veterinária não seja tão difundido quanto em medicina humana, estudos têm demonstrado sua eficácia e segurança em cães com condições autoimunes. Entretanto, como ocorre com qualquer terapia imunossupressora, o manejo criterioso e o acompanhamento regular são cruciais para maximizar os benefícios do tratamento, minimizando os riscos potenciais. A leflunomida, portanto, representa uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico veterinário, oferecendo uma opção adicional para o manejo de doenças autoimunes em cães, especialmente em casos onde outras terapias falharam ou são contraindicadas.

Referências bibliográficas

1. Rissetto, K., et al. "Pharmacokinetics and clinical efficacy of leflunomide in dogs with immune-mediated polyarthritis." *Journal of Veterinary Internal Medicine*, vol. 23, no. 5, 2009, pp. 1005-1012.

2. Morrison, S. A., et al. "Leflunomide treatment of refractory immune-mediated polyarthritis in dogs: 14 cases (2006-2008)." *Journal of the American Veterinary Medical Association*, vol. 236, no. 3, 2010, pp. 312-318.

Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.