O lúpus em cães e gatos, também conhecido como lúpus eritematoso sistêmico (LES), é uma doença autoimune crônica e complexa que pode afetar diversos sistemas do organismo, incluindo a pele, as articulações, os rins, o sistema nervoso central e outros órgãos.
Essa condição é causada por uma resposta imunológica anormal na qual o sistema imunológico do animal ataca erroneamente seus próprios tecidos saudáveis, levando à inflamação e à disfunção de múltiplos órgãos e sistemas.
Existem duas formas principais de lúpus que podem afetar cães e gatos: o lúpus eritematoso sistêmico (LES) e o lúpus eritematoso discoide (LED).
O LES é mais comum e afeta várias partes do corpo, enquanto o LED é caracterizado principalmente por lesões cutâneas localizadas, geralmente no focinho, orelhas e região periocular.
Ambas as formas da doença podem ser desafiadoras de diagnosticar e tratar devido à sua natureza variada e à sobreposição de sintomas com outras condições médicas.
Os sintomas do lúpus em cães e gatos podem variar amplamente e dependem das partes do corpo afetadas. Alguns dos sintomas mais comuns incluem lesões cutâneas, como úlceras, crostas, perda de pelos, vermelhidão e inflamação; artrite e dor nas articulações; febre; letargia; perda de apetite; aumento da sede e micção frequente; problemas oculares, como uveíte e ceratite; e, em casos mais graves, insuficiência renal, distúrbios neurológicos e anemia hemolítica.
O diagnóstico do lúpus em cães e gatos é baseado em uma combinação de histórico clínico, exame físico, exames laboratoriais e testes de imagem. Os testes laboratoriais comumente incluem hemograma completo, perfil bioquímico, exames de urina, testes de função renal e hepática, e testes específicos para autoanticorpos associados ao lúpus. A biópsia de pele também pode ser realizada em casos de suspeita de LED.
O tratamento do lúpus em cães e gatos é multifacetado e visa controlar a inflamação, minimizar os sintomas e retardar a progressão da doença. Isso geralmente envolve o uso de medicamentos imunossupressores, como corticosteroides, agentes moduladores do sistema imunológico, como a ciclosporina, e medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para controle da dor e da inflamação.
Em casos de LED, podem ser prescritos tratamentos tópicos, como cremes ou pomadas esteroides, para tratar as lesões cutâneas.
Além da terapia medicamentosa, a gestão dos sintomas e a promoção do bem-estar geral do animal são essenciais. Isso pode incluir cuidados de suporte, como alimentação balanceada, exercícios regulares, controle do estresse, proteção solar para animais com lesões cutâneas sensíveis e monitoramento regular da função renal e hepática.
O prognóstico do lúpus em cães e gatos pode variar dependendo da gravidade da doença, da resposta ao tratamento e de outros fatores individuais.
Em alguns casos, o lúpus pode ser controlado com sucesso a longo prazo, permitindo que os animais tenham uma boa qualidade de vida. No entanto, em casos mais graves ou avançados, a doença pode ser progressiva e levar a complicações sérias, como insuficiência renal ou danos irreversíveis a órgãos vitais.
É importante que os tutores de cães e gatos estejam cientes dos sintomas do lúpus e procurem atendimento veterinário imediato se observarem quaisquer sinais de doença em seus animais de estimação. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado são fundamentais para controlar a progressão da doença e melhorar o prognóstico a longo prazo para os animais afetados pelo lúpus.
Referências bibliográficas
Olivry, Thierry & Linder, Keith & Banovic, Frane. (2018). Cutaneous lupus erythematosus in dogs: A comprehensive review. BMC Veterinary Research. 14. 10.1186/s12917-018-1446-8.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.