A luxação de patela em cães é uma condição comum, especialmente em raças de pequeno porte, que pode causar desconforto, dor e, em casos graves, problemas de mobilidade. Essa condição ocorre quando a patela, que normalmente se encaixa na frente do fêmur, desliza para fora de seu sulco natural. A gravidade da luxação pode variar, sendo classificada em quatro graus, onde o grau I é o menos grave e o grau IV o mais severo.
O tratamento da luxação de patela depende de diversos fatores, incluindo o grau da luxação, a idade do animal, seu nível de atividade e a presença de outros problemas articulares, como displasia coxofemoral ou ruptura do ligamento cruzado cranial. A principal decisão a ser tomada pelos tutores e veterinários é se o tratamento deve ser conservador ou cirúrgico.
O **tratamento conservador** é geralmente indicado para cães com luxação de patela de grau I ou II, onde a patela ainda consegue retornar ao sulco femoral sem muita dificuldade e a dor é mínima ou inexistente. Esse tipo de tratamento inclui fisioterapia, que ajuda a fortalecer os músculos ao redor do joelho e a estabilizar a articulação, além do uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos para aliviar a dor e inflamação. Em alguns casos, o controle do peso é essencial para reduzir a carga sobre a articulação do joelho, especialmente em cães obesos. Outras abordagens conservadoras podem incluir o uso de suplementos articulares, como a glucosamina e o condroitim, que ajudam a proteger a cartilagem e melhorar a mobilidade articular.
Por outro lado, o **tratamento cirúrgico** é recomendado para cães com luxações de grau III e IV, ou para aqueles que, apesar do tratamento conservador, continuam a apresentar dor e instabilidade articular significativa. Existem várias técnicas cirúrgicas disponíveis para corrigir a luxação de patela, e a escolha do procedimento depende da anatomia específica do joelho do cão e do grau de deformidade presente. Entre as técnicas mais comuns estão o aprofundamento do sulco troclear, a transposição da crista tibial e a realinhamento dos músculos quadríceps. Em casos mais graves, pode ser necessária uma combinação dessas técnicas para restaurar a funcionalidade do joelho e prevenir a recorrência da luxação.
A cirurgia oferece uma chance mais definitiva de correção da luxação e, quando bem-sucedida, pode melhorar drasticamente a qualidade de vida do cão. No entanto, como qualquer procedimento cirúrgico, a correção da luxação de patela envolve riscos, como infecções, complicações anestésicas e a possibilidade de recidiva, especialmente em casos mais graves. Além disso, o pós-operatório requer cuidados intensivos, incluindo restrição de movimento, fisioterapia e monitoramento da cicatrização.
Portanto, a decisão entre o tratamento conservador ou cirúrgico deve ser feita de maneira individualizada, levando em consideração não apenas a gravidade da luxação, mas também o estilo de vida do cão e as expectativas dos tutores. Cães com luxações leves e que não apresentam dor significativa podem viver confortavelmente com tratamento conservador, enquanto aqueles com luxações mais severas ou que sofrem de dor crônica podem se beneficiar imensamente de uma intervenção cirúrgica. O acompanhamento veterinário é fundamental para monitorar a progressão da condição e ajustar o tratamento conforme necessário.
Referências:
1. Piermattei DL, Flo GL, DeCamp CE. Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. St. Louis: Elsevier; 2016.
2. Hayes AG, Grierson J, Shales C. Small Animal Surgery. 4th ed. Edinburgh: Elsevier; 2020.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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