Displasia de cotovelo, má união do processo ancôneo.
A articulação do cotovelo é composta por três ossos distintos: o rádio, a ulna e o úmero.
Uma doença conhecida como displasia do cotovelo é uma anormalidade do desenvolvimento que ocorre na articulação do cotovelo dos cães, principalmente em raças de médio a grande porte.
Existem três problemas de desenvolvimento que podem ser chamados de displasia do cotovelo, um processo coronoide fragmentado (FPC), um processo ancôneo não unido (NUPA) e osteocondrite dissecante (OCD).
Cães com displasia de cotovelo geralmente apresentam apenas uma das três condições, e é raro que um único cão tenha todos os três componentes da displasia de cotovelo.
Definição
O processo ancôneo é um pequena processo do osso na ulna, o mais longo dos dois ossos do antebraço. O processo ancôneo faz parte da superfície posterior da articulação do cotovelo. Existe uma placa de crescimento entre o processo ancôneo e o resto da ulna.
As placas de crescimento são encontradas nas extremidades dos ossos em animais em crescimento e são os locais de crescimento ósseo durante o desenvolvimento.
Quando o cão atinge a puberdade, as placas de crescimento se fecham, fundindo as partes do osso. A placa de crescimento entre o processo ancôneo e a ulna normalmente se funde por volta dos 5 meses de idade.
Se o processo ancôneo não se fundir ao resto da ulna corretamente, ele causa uma condição chamada não união do processo ancôneo.
Etiologia (causa)
Essa doença é hereditária em certas raças, principalmente raças grandes.
Em animais afetados, parece haver uma anormalidade na placa de crescimento e o processo ancôneo não consegue se fundir ou se unir à parte principal da ulna.
Os pastores alemães parecem ser mais afetados pelo problema, embora ele ocorra em outras raças, e os machos são mais afetados.
Outros fatores que se acredita estarem associados a NUPA são nutrição (por exemplo, excesso de cálcio), influências hormonais, excesso de peso e trauma.
Sinais clínicos (sintomas)
Quando essa parte da ulna não se funde, a articulação do cotovelo torna-se instável, causando claudicação e dor.
A instabilidade causa inflamação e, eventualmente, a inflamação e a instabilidade levarão ao desenvolvimento de doença articular degenerativa ou artrite. Em alguns casos, o fragmento ósseo flutua livremente na articulação, causando ainda mais desconforto.
Os cães com esta doença mancam no membro torácico (anterior) e podem apresentar dor quando o cotovelo é estendido. Frequentemente, a articulação do cotovelo afetada apresenta uma diminuição da amplitude de movimento.
Diagnóstico
Os resultados de um exame físico são freqüentemente sugestivos desse problema. No entanto, outras condições podem causar displasia do cotovelo, incluindo processo coronoide fragmentado (FPC) e osteocondrite dissecante (OCD).
Em alguns casos, a NUPA pode ser diagnosticada por meio de radiografias do cotovelo, em três a quatro projeções radiográficas. No entanto, a tomografia computadorizada poderá ser a melhor opção para o diagnóstico e ambas as opções vão exigir que o exame seja feito em anestesia geral.
Tratamento
O tratamento é cirúrgico, no qual é realizada a remoção do processo ancôneo da articulação. Uma abordagem mais recente à cirurgia é usar parafusos para reconectar o processo ancôneo a ulna.
Os resultados da cirurgia são muito melhores se a cirurgia for feita antes que a artrite secundária afete a articulação.
Prognóstico
Se a doença não for tratada cirurgicamente, a claudicação (mancar) progredirá rapidamente e o cão poderá continuar com dores em longo prazo.
Caso a cirurgia demore para ocorrer ou se a condição for grave, as bordas do fragmento podem não se encaixar bem por causa da erosão do osso e da cartilagem, portanto, o processo ancôneo pode não ser facilmente fixado no lugar pela técnica de reposição.
Como a condição é causada por um defeito de desenvolvimento, também é possível que a cicatrização seja lenta.
Em todos os casos, algum grau de artrite se desenvolve na articulação do cotovelo, mas com o tratamento cirúrgico, a artrite será geralmente menos severa e haverá menos dor envolvida no processo.
O tratamento medicamentoso, com suplementos protetores das articulações e / ou medicamentos antiinflamatórios, pode ser recomendado para retardar a progressão da doença articular degenerativa (artrose).
Fisioterapia
A reabilitação aumenta as chances do cão se recuperar totalmente da cirurgia e minimizar os problemas de claudicação.
É preciso restringir os exercícios do cão durante as primeiras semanas a meses após a cirurgia, o que geralmente significa que ele só terá permissão para fazer caminhadas curtas e controladas com guia.
Se o processo ancôneo for recolocado na ulna com um parafuso, é recomendado que as atividades de sustentação de peso sejam restringidas até que a cicatrização seja completa, por até 8 a 12 semanas em alguns casos.
Reprodução
Uma vez que a doença é hereditária, os cães afetados não devem ser usados para reprodução.
Muitos criadores de cães de raças grandes têm seus reprodutores liberados para essa doença (fornecida pela OFA) antes de usá-los para reprodução.
Referências bibliográficas
Bismuth, Camille & Pillard, P. & Cachon, Thibaut. (2015). Elbow dysplasia in dogs. 24-29.
Kirberger, Robert & Fourie, S.L.. (1998). Elbow dysplasia in the dog: Pathophysiology, diagnosis and control. Journal of the South African Veterinary Association. 69. 43-54. 10.4102/jsava.v69i2.814.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.