A mielopatia degenerativa canina é caracterizada por uma paralisia progressiva espástica e não dolorosa dos membros posteriores em cães idosos.
Essa doença era anteriormente conhecida como radiculomielopatia degenerativa crônica, sendo uma doença degenerativa progressiva da medula espinal.
Etiologia (causa)
A mielopatia degenerativa está associada a uma anomalia genética e ocorre por uma mutação do gene SOD1, que codifica a superóxido dismutase, uma proteína responsável pela destruição dos radicais livres no corpo do cão.
Esses radicais livres são prejudiciais quando produzidos em quantidades excessivas, causando a morte celular da medula espinal.
Raças predispostas
A doença sempre foi muito associada com os pastores alemães, no entanto, nos últimos anos, a doença foi identificada em muitas outras raças e não é mais considerada uma doença também de raças pequenas.
A mielopatia degenerativa é uma preocupação em cães acima de 5 anos de idade, em particular em Boxers, Bernese, Cavalier King Charles Spaniel, Golden Retriever, Poodle, Pug e no Pastor Alemão.
Sinais clínicos (sintomas)
Os sinais clínicos iniciais podem ser assimétricos, como fraqueza sutil e indolor em um membro pélvico. A dor em palpação de coluna pode estar ausente em um primeiro momento.
Geralmente, os sinais progridem ao longo dos meses, levando a um déficit proprioceptivo nos membros pélvicos, que podem evoluir para os torácicos e com fraqueza muscular.
Esses pacientes podem apresentam paraparesia espástica de caráter crônico e progressivo.
Diagnóstico
O diagnóstico presuntivo de mielopatia degenerativa é baseado em sinais clínicos, raça e idade e pela ausência de outras doenças.
Testes genéticos para a mutação genética associada à mielopatia degenerativa podem ser realizados, embora o teste não esteja disponível no Brasil.
A ressonância magnética da medula espinal deve ser realizada nesses casos. Uma amostra de líquido cefalorraquidiano (LCR) também pode ser obtido para permitir a análise e exclusão de outras doenças.
Cães mais velhos podem ser afetados por mais de uma doença, por exemplo, doença do disco intervertebral (DDIV), o que não exclui a presença de mielopatia degenerativa.
Tratamento
A mielopatia degenerativa é uma doença irreversível e progressiva.
Nenhum tratamento específico está disponível, embora muitos cães possam ser mantidos com qualidade de vida por meses e anos com o auxílio da fisioterapia e acupuntura.
Os cuidados paliativos podem ser realizados antes de optar-se pela eutanásia.
Prognóstico
Como a mielopatia degenerativa progride para paralisia, ou seja, uma incapacidade do cão de andar e sustentar o próprio peso. A progressão da doença resulta em mais fraqueza, atrofia muscular e incontinência fecal e urinária. Infelizmente, o prognóstico é ruim nesses casos, e a fisioterapia poderá ajudar no aumento da sobrevida do paciente.
Referências bibliográficas
JONES, J.C.; INZANA, K. D.; ROSSMEÍSL, J. H.; BERGMAN, R. L.; WELLS, T.; BUTLER, K. C. T. Myelography of the thoraco-lumbar spine in 8 dogs with degenerative myelophaty. Journal ofVeterinary Science. v.6, p.34I-348, 2005.
SURANITI, A. P. et al. Mielopatia Degenerativa canina: signos clínicos, diagnóstico y terapêutica.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.