As doenças ortopédicas em cães têm um impacto significativo na qualidade de vida desses animais, afetando não apenas a sua mobilidade, mas também o bem-estar geral, o comportamento e o relacionamento com os tutores.
Entre as doenças ortopédicas mais comuns em cães estão a displasia coxofemoral, a ruptura de ligamento cruzado cranial, a luxação de patela e as hérnias de disco. Essas condições podem ser dolorosas e debilitantes, levando a uma série de consequências físicas e emocionais tanto para o animal quanto para seus tutores.
A dor crônica é um dos principais problemas associados às doenças ortopédicas. Cães que sofrem de condições como displasia coxofemoral ou hérnias de disco frequentemente experimentam dor constante, o que pode levar a mudanças comportamentais, como irritabilidade, agressividade ou apatia. Além disso, a dor pode interferir no sono do animal, o que, por sua vez, pode agravar o estresse e o desconforto. O impacto psicológico é significativo, pois o cão pode se tornar menos ativo e mais relutante em participar de atividades que antes apreciava, como caminhar ou brincar.
A mobilidade reduzida é outro efeito crítico das doenças ortopédicas. Cães com problemas nas articulações ou na coluna vertebral frequentemente têm dificuldade em se mover, o que pode levar a um estilo de vida mais sedentário. Essa falta de atividade física não só contribui para o ganho de peso, exacerbando ainda mais os problemas ortopédicos, como também pode resultar em atrofia muscular, diminuição da resistência cardiovascular e outros problemas de saúde secundários. A inatividade prolongada pode ainda afetar negativamente o estado emocional do animal, levando à depressão e à ansiedade.
O impacto na qualidade de vida dos cães com doenças ortopédicas também pode ser observado na interação social e na relação com seus tutores. Um cão com dor ou dificuldade de locomoção pode se tornar mais isolado e menos disposto a socializar com outros animais ou com os membros da família. Isso pode ser particularmente desafiador para os tutores, que podem se sentir impotentes ao ver seu animal de estimação sofrer e se afastar do convívio social. Além disso, a necessidade de cuidados constantes e o manejo da dor podem exigir um investimento significativo de tempo e recursos por parte dos tutores, o que pode causar estresse adicional.
Por outro lado, o tratamento adequado das doenças ortopédicas pode melhorar substancialmente a qualidade de vida dos cães. Intervenções cirúrgicas, como a correção de luxação de patela ou a cirurgia de TPLO para ruptura de ligamento cruzado cranial, combinadas com reabilitação e manejo da dor, podem ajudar a restaurar a mobilidade e aliviar a dor, permitindo que o cão retome suas atividades normais. A fisioterapia e a acupuntura são exemplos de abordagens complementares que têm mostrado benefícios na recuperação de cães com problemas ortopédicos, contribuindo para a manutenção da massa muscular e a redução da dor.
Em conclusão, as doenças ortopédicas têm um impacto profundo na qualidade de vida dos cães, afetando não só sua saúde física, mas também seu bem-estar emocional e social. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o manejo contínuo são essenciais para minimizar esses impactos e melhorar a vida dos animais acometidos por essas condições.
Referências bibliográficas
1. Bennett, D., & Vaughan-Scott, T. (2021). *Canine Orthopaedics: Advanced Diagnostic and Surgical Techniques*. Elsevier.
2. Fossum, T. W. (2019). *Small Animal Surgery Textbook* (5th ed.). Elsevier.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.
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