A osteopatia veterinária tem ganhado cada vez mais espaço como uma abordagem complementar no tratamento de diversas lesões em animais, especialmente em cães e cavalos atletas. Essa terapêutica manual baseia-se no princípio de que a integridade estrutural do corpo influencia diretamente sua função, buscando equilibrar tecidos musculoesqueléticos, fáscias e articulações para otimizar a recuperação e a qualidade de vida do animal.

A prática osteopática foi inicialmente desenvolvida na medicina humana, mas seus benefícios foram logo percebidos no campo veterinário. O tratamento osteopático é fundamentado na palpação detalhada do corpo do animal, identificando restrições de mobilidade e alterações na tensão tecidual. A partir dessas avaliações, o profissional utiliza técnicas de mobilização, liberação miofascial e manipulação articular para restaurar a harmonia do organismo.
No contexto das lesões musculoesqueléticas, como rupturas de ligamentos, displasias articulares e contraturas musculares, a osteopatia veterinária pode contribuir para o alívio da dor, a melhora da circulação local e a redução da inflamação. Em casos pós-operatórios, ela pode acelerar a recuperação ao estimular a drenagem linfática, promovendo uma reabilitação mais eficaz e reduzindo o tempo de imobilização do animal.
No caso de cães com problemas ortopédicos, que frequentemente sofrem de condições como ruptura do ligamento cruzado cranial e luxação de patela, a osteopatia pode ser uma excelente alternativa para complementar tratamentos convencionais, ajudando a aliviar tensões compensatórias e prevenindo problemas secundários em regiões não afetadas diretamente pela lesão primária.
O mesmo ocorre com cavalos atletas, que frequentemente enfrentam sobrecargas mecânicas devido ao intenso treinamento e competição. A osteopatia nesses animais pode auxiliar na prevenção de desequilíbrios posturais e na manutenção da funcionalidade muscular e articular.
Além dos benefícios físicos, a osteopatia também pode ter um impacto positivo no bem-estar emocional dos animais. Muitos indivíduos submetidos a dor crônica apresentam alterações comportamentais, como agressividade ou apatia. O alívio das restrições musculares e articulares pode reduzir o estresse e promover uma melhor interação do animal com seu ambiente e tutores.
Apesar de seus benefícios, a osteopatia veterinária deve ser aplicada por profissionais capacitados, que compreendam profundamente a anatomia e fisiologia animal.
O tratamento deve ser realizado em conjunto com abordagens convencionais, como fisioterapia, medicamentos e, quando necessário, intervenções cirúrgicas. A integração da osteopatia com outras especialidades pode proporcionar uma reabilitação mais completa e eficaz, permitindo que os animais retornem às suas atividades diárias com maior conforto e segurança.
A ciência por trás da osteopatia veterinária ainda está em expansão, e mais estudos são necessários para compreender todos os seus mecanismos de ação e efeitos a longo prazo. No entanto, a experiência clínica e relatos de casos sugerem que essa abordagem pode ser uma valiosa ferramenta complementar na medicina veterinária moderna.
Referências Bibliográficas
King, L. J. (2019). Veterinary Osteopathy: Principles and Practice. Oxford University Press.
Fryer, G., & Hodgson, L. (2021). Manual Therapy in Veterinary Medicine: An Evidence-Based Approach. Elsevier.
Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)97522-5102.
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