A luxação de patela é uma condição ortopédica comum em cães, caracterizada pelo deslocamento da patela, também conhecida como rótula, de sua posição normal na tróclea femoral.
Esta condição pode causar dor, claudicação e, se não tratada adequadamente, levar a danos articulares permanentes. Entre as diversas técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento da luxação de patela, a osteotomia distal do fêmur tem se mostrado uma abordagem eficaz, especialmente em casos de luxação medial grave, frequentemente observada em raças pequenas e miniaturas.
A osteotomia distal do fêmur é um procedimento cirúrgico que visa corrigir o desalinhamento ósseo subjacente que contribui para a luxação da patela. Esse desalinhamento geralmente envolve uma deformidade no fêmur distal, onde há uma angulação anormal que empurra a patela para fora de sua posição anatômica. A cirurgia busca realinhar o eixo do fêmur e, consequentemente, melhorar a congruência entre a patela e a tróclea femoral.
O procedimento cirúrgico começa com a realização de uma abordagem cirúrgica adequada para expor o fêmur distal. Após a exposição adequada, o cirurgião ortopédico realiza uma osteotomia, que é o corte do osso femoral distal. Esse corte é geralmente feito de forma a permitir a correção angular necessária para reposicionar a patela corretamente na tróclea femoral.
Após a realização da osteotomia e a retirada de uma cunha, o segmento ósseo distal é reposicionado de modo a corrigir a angulação anormal. A fixação do osso reposicionado é feita utilizando implantes ortopédicos, como placas e parafusos. A estabilidade da fixação é crucial para garantir a cicatrização óssea adequada e para permitir que o cão retome a função normal do membro o mais rápido possível.
Em alguns casos, técnicas adicionais, como a transposição da tuberosidade tibial ou a trocleoplastia, podem ser realizadas em conjunto para otimizar o resultado cirúrgico.
O período pós-operatório requer cuidados meticulosos para garantir a recuperação adequada. O cão deve ser mantido em repouso e atividade física restrita durante várias semanas, até que a cicatrização óssea esteja suficientemente avançada. Analgésicos e anti-inflamatórios são frequentemente prescritos para controlar a dor e a inflamação. Além disso, a fisioterapia pode ser recomendada para ajudar na recuperação da função muscular e articular.
Estudos têm demonstrado que a osteotomia distal do fêmur é eficaz na correção da luxação de patela e na melhora da qualidade de vida dos cães afetados. A taxa de sucesso é alta, com muitos cães retornando à função normal ou quase normal após a cirurgia. No entanto, como em qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos, incluindo infecção, falha da fixação e necessidade de cirurgias adicionais.
A seleção adequada dos pacientes, o planejamento cirúrgico e a realização precisa da técnica cirúrgica são fundamentais para o sucesso da osteotomia distal do fêmur. A avaliação pré-operatória deve incluir radiografias detalhadas para determinar a extensão da deformidade óssea e planejar a correção adequada.
Em conclusão, a osteotomia distal do fêmur é uma técnica cirúrgica valiosa para o tratamento da luxação de patela em cães, especialmente em casos graves que não respondem a outras formas de tratamento.
Referências bibliográficas
Piermattei, D. L., & Flo, G. L. (1997). *Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair*. Saunders.
Cook, J. L., & Tomlinson, J. L. (2001). Treatment of medial patellar luxation by femoral wedge osteotomy in dogs. *Journal of the American Veterinary Medical Association*, 219(5), 654-657.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.