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Foto do escritorFelipe Garofallo

Panosteíte em cães

Atualizado: 23 de jan.

Enostose, panosteíte eosinofílica, osteomielite juvenil, osteomielite dos pastores alemães jovens.


Definição


A panosteíte é uma doença sem causa determinada, autolimitante, que afeta os ossos longos especificamente de cães e está relacionada a um aumento da atividade das células dos ossos.


Ela ocorre primariamente em cães jovens (frequentemente 5 a 12 meses) de porte grande e gigante; com frequência quatro vezes maior em machos do que em fêmeas.


A doença pode durar por vários meses e com acometimento em sucessão de vários ossos, com a resolução das lesões em alguns, enquanto se desenvolve em outros, até em média dois anos de idade.


Confira abaixo nosso vídeo completo sobre panosteíte em cães:


Raças predispostas


Todas de porte grande e gigante, apesar de Pastor Alemão, Basset Hound, Shar-pei, Schnauzer Gigante, Cão de montanha dos Pirineus e Mastiff serem as raças de maior risco.


Sinais clínicos


Claudicação (mancar) de aparecimento agudo de qualquer um dos quatro membros, de apresentação interminente, e que frequentemente evolui para claudicação alternada em mais de um membro.


Diagnóstico


Em um primeiro momento, o veterinário irá realizar o exame de marcha (caminhar, correr), identificando o tipo de claudicação e o nível de dor no membro.


Na avaliação física, o cão tem resposta de dor à palpação óssea profunda.


A partir disto, a avaliação radiográfica da região específica será solicitada pelo profissional, o que poderá complementar e direcionar o diagnóstico.


A apresentação da panosteíte pela radiografia pode ser diversificada, sendo simplificadamente dividida em três padrões de características (inicial, intermediária e final), muitas vezes pouco evidentes nas fases inicial e tardia, sendo a fase intermediária a ideal para o diagnóstico radiográfico.


A severidade e localização radiográfica das lesões não necessariamente estão correlacionadas à severidade dos sinais clínicos, isso significa que o membro com apresentação clínica pior pode não apresentar as lesões radiográficas mais pronunciadas, o que pode dificultar a definição do diagnóstico.


Radiograficamente, no início da doença pode-se notar discreta alteração do trabeculado ósseo, sendo geralmente pouco perceptível ao exame e os sinais clínicos podem preceder as anormalidades radiológicas em até 10 dias.


Se os sinais clínicos forem consistentes com panosteíte, mas as radiografias forem normais, as radiografias devem ser repetidas em 7 a 10 dias. A cintilografia nuclear é um teste diagnóstico mais sensível de panosteíte do que as radiografias, apesar de pouco utilizado no Brasil.


Com a progressão da doença, a manifestação radiográfica passa a desenvolver imagem de áreas tendendo à nodulares, circunscritas, de radiopacidade semelhante à de cortical óssea dentro da cavidade medular na diáfise de ossos longos, frequentemente adjacente à região de forame nutrício.


As opacificações passam a coalescer e tornar-se difusas e homogêneas. O desenvolvimento de reação periosteal do tipo regular pode ocorrer em um terço à metade dos cães.


Tardiamente na doença, há a resolução da opacidade, com o padrão trabecular grosseiro ósseo retornando gradativamente à sua aparência habitual; espessamento de cortical pode persistir de acordo com o grau de remodelamento ósseo.


Diagnósticos diferenciais


A claudicação de membros em cães grandes/ gigantes imaturos possui muitos diagnósticos diferenciais que necessitam de abordagens terapêuticas diferentes, como por exemplo: Osteocondrite dissecante, Má-união do processo ancôneo, Fragmentação do processo coronoide, Fechamento fisário prematuro, Incongruência do cotovelo, Retenção dos núcleos cartilagionosos, Osteodistrofia hipertrófica, Ossificação incompleta do côndilo umeral, Lesões em bíceps, tendão supraespinhal, subescapular ou infraespinhal e lesões aos ligamentos glenoumerais medial ou lateral, Displasia coxofemoral, Osteocondrose (joelho, tarso), Fratura Salter-Harris, Osteodistrofia hipertrófica, Lesão parcial ou total do ligamento cruzado cranial, Luxação patelar, Entorses musculares, Osteomielite.


O médico veterinário pós-graduado em ortopedia é o profissional mais capacitado para o discernimento adequado e orientação para cada enfermidade.


Tratamento


Por ser autolimitante, o curso da resolução clínica depende de cada paciente, sendo utilizado apenas o tratamento suporte de acordo com a manifestação clínica de cada caso.


A restrição dos exercícios é recomendada quando o animal claudica (manca). Os proprietários/tutores devem ser orientados sobre a probabilidade de recorrência, mas o prognóstico em longo prazo é excelente para a recuperação completa.


Não existe indicação de tratamento cirúrgico para a panosteíte.


Prognóstico


A doença pode continuar a afetar membros diferentes, causando dor e claudicação até que o cão atinja a maturidade, sendo que a maioria eventualmente passa a apresentar a função normal dos membros sem evidência de dor.

Conclusão


A panosteíte acomete com mais frequência cães porte grande/gigante, com idade predominantemente entre 5 a 12 meses, sendo ainda uma afecção ainda sem causa completamente definida.


Quando diagnosticada e conduzida corretamente, os cães conseguem viver com qualidade de vida.


Referências

(THRALL, D.E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology, 7th ed, Elsevier, 2018).


STEAD, A.C.; STEAD M.C.P.; GALLOWAY, F.H. Panosteitis in dogs. J. small anim. Pract. (1983) 24, 623-635


FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais, 4a ed. Elsevier, 2014.


Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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