top of page
Foto do escritorFelipe Garofallo

Quitosano para cães com doenças ortopédicas

O quitosano é uma substância natural extraída da quitina, presente em exoesqueletos de crustáceos como camarões e caranguejos. Nos últimos anos, o interesse pelo quitosano na medicina veterinária cresceu, especialmente para o tratamento de condições ortopédicas em cães.



Sua ação terapêutica se baseia em propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e regenerativas, que contribuem para a recuperação de tecidos e a redução da dor e da inflamação nas articulações e ossos. Para cães que enfrentam problemas ortopédicos, como displasia coxofemoral, luxação de patela, ruptura do ligamento cruzado cranial e artrites, o quitosano pode ser um coadjuvante importante no manejo dessas condições.


O uso do quitosano para tratar problemas ortopédicos se baseia na sua capacidade de reduzir inflamações articulares. Quando o quitosano é administrado, ele interage com as células do sistema imunológico, modulando a resposta inflamatória no local da lesão. Esse efeito anti-inflamatório é especialmente relevante para cães com artrite ou condições que envolvem inflamação crônica nas articulações, como a displasia coxofemoral.


Estudos sugerem que o quitosano ajuda a inibir a produção de citocinas pró-inflamatórias, que são as responsáveis pela dor e pelo inchaço na articulação afetada. Ao reduzir essa resposta, o quitosano contribui para a melhoria da mobilidade do animal e proporciona alívio da dor, permitindo uma qualidade de vida melhor para o cão.


Além disso, o quitosano possui ação antimicrobiana, sendo útil para cães submetidos a cirurgias ortopédicas. Esse efeito antimicrobiano ocorre porque o quitosano é capaz de danificar a parede celular de bactérias patogênicas, impedindo que elas se multipliquem no local operado. Dessa forma, ele pode ser utilizado como uma medida preventiva contra infecções pós-operatórias, que são um risco comum em procedimentos invasivos, especialmente em cães de idade avançada ou com imunidade comprometida. Essa propriedade é explorada tanto em produtos tópicos, como pomadas e sprays, quanto em suplementos orais, que atuam de maneira sistêmica no corpo do animal.


Outro aspecto importante do quitosano é sua capacidade de auxiliar na regeneração de tecidos. Estudos indicam que o quitosano pode estimular a proliferação de células osteoblásticas, que são responsáveis pela formação de ossos. Essa propriedade é valiosa para cães que passam por procedimentos de correção óssea, como a osteotomia para estabilização da articulação do joelho em casos de ruptura do ligamento cruzado cranial. Ao estimular a produção celular e ajudar na deposição de colágeno, o quitosano facilita a cicatrização dos tecidos e fortalece o osso em recuperação, reduzindo o tempo de recuperação pós-operatória. Por esse motivo, tem sido testado como componente de enxertos ósseos e implantes ortopédicos.


No entanto, a administração do quitosano deve ser feita com cautela. Embora seja um composto natural, a dosagem e a frequência de uso variam de acordo com o peso, idade e condição específica do cão. A administração de doses inadequadas pode causar efeitos adversos, como problemas gastrointestinais, devido à sua alta capacidade de absorção de água. Por isso, a orientação veterinária é fundamental, garantindo que o quitosano seja usado de forma segura e eficaz no tratamento ortopédico.


Em resumo, o quitosano apresenta um potencial terapêutico significativo na medicina veterinária ortopédica para cães. Suas propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e regenerativas são de grande valor para melhorar a qualidade de vida de animais com problemas articulares e ósseos, além de auxiliar na recuperação pós-cirúrgica. Embora mais estudos sejam necessários para esclarecer plenamente seus mecanismos de ação e otimizar suas formas de aplicação, o quitosano já é uma alternativa promissora, capaz de integrar protocolos de tratamento ortopédico para cães de forma complementar.


Referências bibliográficas


1. Kumar, M. N. V. R. (2000). A review of chitin and chitosan applications. Reactive and Functional Polymers, 46(1), 1-27.


2. Dash, M., Chiellini, F., Ottenbrite, R. M., & Chiellini, E. (2011). Chitosan—a versatile semi-synthetic polymer in biomedical applications. Progress in Polymer Science, 36(8), 981-1014.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 

10 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Que tal receber grátis mais artigos incríveis como esse?

Obrigado(a)!

bottom of page