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Foto do escritorFelipe Garofallo

Ruptura de Ligamento Cruzado Cranial em Cães da Raça Cocker Spaniel

A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCCr) é uma das principais causas de claudicação nos membros posteriores dos cães, especialmente em raças predispostas, como o Cocker Spaniel.



Este problema ortopédico ocorre quando o ligamento cruzado cranial, localizado no joelho, rompe-se parcial ou totalmente, resultando em instabilidade da articulação do joelho (articulação fêmoro-tibial) e dor significativa. Nos cães da raça Cocker Spaniel, há fatores genéticos e anatômicos que podem predispor a essa condição, além de aspectos relacionados ao estilo de vida e peso corporal.


O ligamento cruzado cranial desempenha um papel crucial na estabilidade do joelho, impedindo o deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur, além de auxiliar na limitação da rotação interna e hiperextensão do joelho. Quando este ligamento é danificado, a articulação torna-se instável, causando dor, inflamação e dificuldade de movimentação. O cão pode apresentar claudicação aguda ou intermitente, muitas vezes pior após exercício. A incapacidade de suportar peso no membro afetado é um sintoma clássico, mas em alguns casos, a claudicação pode ser mais sutil, evoluindo lentamente à medida que o ligamento se desgasta ao longo do tempo.


Nos Cocker Spaniels, como em outras raças, a RLCCr pode ser causada por trauma agudo, como um movimento brusco ou salto mal calculado. No entanto, uma causa mais comum envolve a degeneração crônica do ligamento, que ocorre com o tempo. Fatores como obesidade, que sobrecarrega as articulações, e um ângulo tibial maior podem aumentar o risco de ruptura. A tendência genética observada em cães da raça Cocker Spaniel sugere que alguns indivíduos podem ter uma predisposição à degeneração do ligamento.


O diagnóstico da RLCCr é feito com base em uma combinação de histórico clínico, sinais clínicos e exames físicos específicos, como o teste de gaveta anterior, que avalia a instabilidade do joelho. Exames de imagem, como radiografias, são frequentemente usados para confirmar o diagnóstico e avaliar a presença de outros problemas articulares, como osteoartrite secundária, que frequentemente acompanha a ruptura do ligamento cruzado cranial.


O tratamento da RLCCr em cães da raça Cocker Spaniel pode variar dependendo da gravidade da ruptura e da idade, peso e nível de atividade do cão. Embora o tratamento conservador, incluindo repouso, fisioterapia e controle da dor, possa ser eficaz em alguns casos, especialmente em cães menores, a maioria dos cães de porte médio a grande, como o Cocker Spaniel, se beneficia de intervenção cirúrgica. As técnicas cirúrgicas mais comuns incluem a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO) e a osteotomia de avanço da tuberosidade tibial (TTA), ambas destinadas a estabilizar a articulação sem depender da função do ligamento cruzado cranial rompido. Essas técnicas alteram a biomecânica do joelho, reduzindo a instabilidade e permitindo uma recuperação funcional satisfatória.


O prognóstico para cães da raça Cocker Spaniel submetidos à cirurgia de RLCCr geralmente é bom, especialmente quando o tratamento é realizado precocemente e o cão segue um plano de reabilitação pós-operatória adequado. A fisioterapia, o controle de peso e a modificação do nível de atividade são componentes importantes da recuperação a longo prazo. No entanto, é importante destacar que a osteoartrite pode progredir mesmo após a cirurgia, exigindo monitoramento e controle contínuos.


A prevenção da RLCCr em cães predispostos, como o Cocker Spaniel, envolve a manutenção de um peso corporal saudável, evitando exercícios extenuantes que possam colocar pressão excessiva nas articulações, e o monitoramento regular por um veterinário, especialmente à medida que o cão envelhece. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir que o cão mantenha uma boa qualidade de vida e funcionalidade das articulações a longo prazo.


Referências Bibliográficas


1. Fossum, T. W. (2013). *Small Animal Surgery*. Elsevier Health Sciences.

2. Piermattei, D. L., & Flo, G. L. (2006). *Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair*. Saunders.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 



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