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Foto do escritorFelipe Garofallo

Sutura de ponto simples contínuo

O ponto simples contínuo é uma técnica amplamente utilizada na sutura de tecidos em cirurgia veterinária, sendo valorizado por sua eficiência em aproximar bordas de feridas de maneira rápida e segura.



Esta técnica consiste em uma série de pontos simples interligados, que se estendem ao longo de uma incisão ou ferida, resultando em uma linha contínua de sutura. A principal vantagem do ponto simples contínuo é a sua rapidez na aplicação, especialmente em comparado com a sutura de pontos simples isolados, além de proporcionar uma distribuição mais uniforme da tensão ao longo da sutura, o que pode resultar em uma cicatrização mais estética e eficaz.


Na prática veterinária, o ponto simples contínuo é frequentemente empregado em diversas situações, incluindo o fechamento de incisões cutâneas, subcutâneas, e em tecidos de órgãos internos, como no fechamento de intestinos após enterectomias. Uma das grandes vantagens do ponto simples contínuo é a redução do tempo cirúrgico, o que é particularmente importante em pacientes animais, onde a minimização do tempo sob anestesia é crucial para a redução de riscos anestésicos.


A técnica envolve a inserção da agulha através da pele ou tecido a ser suturado, puxando o fio até que apenas uma pequena extremidade permaneça, que é então fixada com um nó inicial. A agulha é então inserida novamente na margem oposta da ferida, e o processo é repetido, mas ao invés de cortar o fio após cada ponto, o cirurgião continua a sutura através da ferida, interligando cada ponto ao próximo em uma sequência contínua. No final da linha de sutura, um nó final é feito para fixar o fio.


Uma das considerações importantes ao utilizar a sutura de ponto simples contínuo é a tensão aplicada ao fio. Se a tensão for excessiva, pode levar a isquemia do tecido, comprometendo a cicatrização, enquanto que uma tensão insuficiente pode resultar em uma má aproximação das bordas da ferida, aumentando o risco de deiscência. Além disso, é importante escolher o material de sutura adequado, considerando fatores como a absorção e a resistência, de acordo com o tipo de tecido e a localização da ferida.


Em termos de materiais, fios absorvíveis são frequentemente utilizados em tecidos internos ou em situações onde não se deseja realizar a remoção posterior da sutura, enquanto fios não absorvíveis podem ser preferidos para suturas cutâneas, onde a remoção da sutura é planejada após a cicatrização inicial. A escolha do calibre do fio também deve ser adaptada ao tipo de tecido e à espécie animal, com fios mais finos sendo utilizados em tecidos delicados, como a pele de pequenos animais, e fios mais grossos sendo indicados para tecidos mais resistentes, como a fáscia.


Em relação à aplicabilidade, o ponto simples contínuo é particularmente útil em feridas longas e retilíneas, onde a técnica proporciona uma rápida e eficiente aproximação dos tecidos. No entanto, em feridas com contornos irregulares ou em áreas onde há uma alta mobilidade do tecido, como nas articulações, a técnica pode ser menos indicada devido ao risco de comprometimento da estabilidade da sutura. Nesses casos, pode ser mais vantajoso utilizar pontos simples interrompidos ou outras técnicas de sutura que permitam uma maior flexibilidade e ajuste.


Por fim, a técnica de sutura contínua pode ser combinada com outras técnicas, como a sutura subcuticular, para melhorar os resultados estéticos e reduzir a irritação da pele. Além disso, a sutura de ponto simples contínuo pode ser usada em conjunto com materiais adesivos ou fitas cirúrgicas para reforçar o fechamento da ferida e proteger a linha de sutura durante o processo de cicatrização.


A execução correta da técnica de ponto simples contínuo, associada à seleção adequada dos materiais e à consideração das características da ferida e do paciente, é essencial para garantir uma cicatrização eficiente, minimizando complicações e promovendo o bem-estar dos pacientes veterinários.


Referências bibliográficas


1. Fossum, T.W. (2019). *Small Animal Surgery*. 5th Edition. Elsevier.

2. Slatter, D. (2002). *Textbook of Small Animal Surgery*. 3rd Edition. Elsevier.

3. Hodge, W. (2014). *Techniques in Large Animal Surgery*. 4th Edition. Wiley-Blackwell.


Sobre o autor


Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 ou uma consultoria on-line por vídeo.


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