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Foto do escritorFelipe Garofallo

Síndrome do Cão Nanador

A Síndrome do Cão Nanador, também conhecida como discondroplasia, é uma condição genética que afeta o desenvolvimento ósseo de cães, resultando em pernas curtas e deformidades ósseas. Essa condição é observada em diversas raças, especialmente naquelas que foram selecionadas para características de patas mais curtas, como os Dachshunds, Basset Hounds, Corgis e Bulldogs. Embora essa característica seja desejável em certas raças, pode gerar complicações e afetar a qualidade de vida do animal.



A discondroplasia é causada por uma mutação no gene que codifica a proteína do receptor do fator de crescimento de fibroblastos (FGF4). Essa mutação interfere no crescimento normal da cartilagem, levando a um desenvolvimento ósseo anormal, principalmente nos membros. O efeito mais evidente dessa condição é o encurtamento dos ossos longos das pernas, resultando em membros desproporcionalmente curtos em relação ao corpo. Além disso, pode causar outras alterações no esqueleto, como arqueamento dos ossos e disfunções articulares.


Embora as pernas curtas sejam a manifestação mais visível, as implicações clínicas são mais profundas. Cães com discondroplasia podem sofrer de dores articulares, osteoartrite precoce e problemas de mobilidade. O alinhamento das articulações e a biomecânica do movimento são comprometidos, sobrecarregando as articulações e estruturas circundantes. Além disso, problemas de coluna vertebral, como hérnias de disco, são comuns em cães com discondroplasia devido à sobrecarga de peso na coluna.


O diagnóstico geralmente é feito através de avaliação clínica e exames radiográficos, observando o encurtamento dos ossos longos e possíveis deformidades. Em alguns casos, exames genéticos podem ser realizados para confirmar a mutação responsável. Com o avanço da genética veterinária, é possível identificar a discondroplasia precocemente e, em alguns casos, prevenir o cruzamento de animais afetados, evitando a transmissão da condição.


O manejo da discondroplasia foca no controle dos sintomas, já que não existe uma cura para a mutação genética. O tratamento inclui o uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos para controlar a dor e melhorar a mobilidade, além de fisioterapia veterinária e controle rigoroso de peso, para evitar sobrecarregar as articulações e a coluna. Em casos mais graves, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias para corrigir deformidades ósseas ou tratar problemas articulares graves.


A seleção genética responsável é fundamental para prevenir a propagação da discondroplasia em raças predispostas. Criadores devem testar geneticamente os reprodutores e evitar o cruzamento de indivíduos portadores da mutação. Em raças onde as pernas curtas são características desejadas, é importante priorizar a saúde do animal, assegurando que essas características não comprometam sua qualidade de vida.


Entretanto, é importante mencionar que o termo "Síndrome do Cão Nanador" não é exclusivo da discondroplasia. Ele pode ser usado de maneira mais ampla para descrever outras condições que resultam em deformidades ósseas e encurtamento de membros em cães. Algumas dessas condições incluem:


1. Osteocondrodisplasia: Essa condição também afeta o desenvolvimento ósseo e cartilaginoso, levando a anomalias nos ossos longos, assim como a discondroplasia. É observada em raças como o Scottish Terrier e o West Highland White Terrier e pode resultar em características semelhantes ao "nanismo" descrito na discondroplasia.


2. Nanismo hipofisário: Resultante de uma deficiência do hormônio do crescimento, essa condição causa crescimento reduzido em todo o corpo, levando a cães de porte pequeno com aparência juvenil. Embora seja uma forma de nanismo, não está limitada aos membros e afeta o crescimento geral. É mais comum em raças como o Pastor Alemão.


3. Mucopolissacaridose: Uma doença genética que interfere no metabolismo dos mucopolissacarídeos, essenciais para a formação da cartilagem. Cães com essa condição apresentam deformidades esqueléticas, como membros encurtados, articulações rígidas e deformidades na coluna.


4. Osteogênese imperfeita: Também conhecida como "doença dos ossos de vidro", essa condição resulta em ossos extremamente frágeis e suscetíveis a fraturas, que podem levar a deformidades ósseas e encurtamento dos membros.


Portanto, o termo "Síndrome do Cão Nanador" pode, de maneira informal, ser aplicado a várias condições que resultam em encurtamento dos membros e deformidades esqueléticas. É importante, no entanto, distinguir essas doenças com base em suas causas genéticas e características específicas, pois cada uma delas apresenta implicações clínicas diferentes e requer abordagens de manejo distintas.


A conscientização sobre a discondroplasia e condições associadas tem crescido nos últimos anos, permitindo o diagnóstico precoce e manejo mais eficaz. Embora a condição não possa ser revertida, o tratamento adequado pode melhorar a qualidade de vida de cães afetados, permitindo que vivam de forma mais confortável e com maior mobilidade.


Referências bibliográficas


1. Bannasch, D. L., Rinaldi, A. E., Wang, Y., & Hughes, A. M. (2021). "Identification of a FGF4 Retrogene Associated with Discondroplasia in Dogs." *PLoS Genetics*, 17(8), e1009875.


2. Lavrijsen, I. C. M., Heuven, H. C. M., Meij, B. P., & Leegwater, P. A. J. (2014). "Disorders of canine chondrodysplasia: genetic background and impact on health." *Veterinary Quarterly*, 34(2), 64-73.


Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial pelo whatsapp (11)91258-5102 

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