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Foto do escritorFelipe Garofallo

Tendinite do músculo bíceps em cães

Atualizado: 25 de jan.

Tendinopatia do bicipital em cães.


Nos cães, o tendão do músculo bíceps (ou bicipital) permite que o ombro faça movimentos de extensão e que o cotovelo realize flexão.


O movimento repetitivo de correr, pular e brincar pode levar a alterações no tendão, o que faz com que ele se torne mais rígido e cause dor durante o andar do paciente.


Além disso, cães com excesso de peso colocam mais estresse no tendão do bíceps.


Como os cães distribuem mais carga nos membros torácicos, esse trauma repetitivo leva à sobrecarga e posterior tendinite.


O corpo tentará restaurar os danos ao tendão naturalmente; entretanto, a falta de vasos sanguíneos na origem do tendão resulta em uma resposta prolongada e sem cura apropriada.


Essa falta de cicatrização pode resultar na formação de tecido cicatricial (fibroso), não permitindo que o tendão funcione como deveria.


Predisposição


A doença é vista com mais frequência em cães de raças médias e grandes, em cães atléticos (participantes de agility, cães de corrida) e, muitas vezes, em cães que saltam bastante, seja sobre obstáculos em agility ou que pulam e descem do sofá com frequência.


As vezes a tendinopatia do bicipital acontece em cães de raças pequenas. No entanto, é mais comum em cães obesos, ou naqueles que realizam exercícios somente de fim de semana ou com pouca frequência.


Sinais clínicos


Nessa doença, os cães podem desenvolver claudicação dos membros torácicos sem qualquer lesão traumática prévia.


Na tendinopatia do músculo bíceps, os cães podem inicialmente apresentar rigidez ao andar, claudicação súbita ou após exercício físico intenso.


Conforme a doença progride, a claudicação torna-se mais consistente.


Nas tendinopatias bicipitais, a dor e a claudicação aumentam com o exercício e melhoram com o repouso, e pioram bastante após exercícios longos.


Diagnóstico


Se o cão tem histórico de claudicação sutil do membro torácico ao levantar ou após uma brincadeira/exercício, o exame físico ortopédico é o primeiro passo, onde o ombro será localizado como fonte de desconforto.


Como o bíceps é uma estrutura de tecido mole, a menos que esteja calcificado, não pode ser visto em uma radiografia.


Para diagnosticar uma tendinopatia do bíceps, é possível utilizar o exame ultrassom, e em alguns casos, a ressonância magnética.


Tratamento


Inicialmente, a claudicação aguda pode ser tratada clinicamente com repouso, restrições de exercícios e antiinflamatórios não esteróides (AINEs) ou outros medicamentos para a dor. O prazo para a cura é normalmente de cerca de 4-6 semanas.


Em casos mais graves ou reincidentes, a fisioterapia pode ser uma boa opção. O prazo para restrição de exercícios varia entre 8-12 semanas.


Se a claudicação não desaparecer após o manejo conservador apropriado, a cirurgia pode ser considerada.


A cirurgia visa incisar o tendão de sua origem dentro da articulação do ombro (liberação do bíceps) para eliminar o desconforto que ocorre com o alongamento do tendão pela articulação.


Esta cirurgia é comumente realiza via artroscopia, pois resulta em menos danos ao tecido e um retorno mais rápido à função.


Restringir a atividade e a reabilitação física ainda são necessárias após a cirurgia.


Na maioria das situações, o tratamento conservador adequado resulta em um retorno à função normal.


Infelizmente, como o tendão foi danificado por um longo período de tempo, o período de recuperação total também é prolongado.


Uma recuperação completa leva aproximadamente 4 a 6 meses até um paciente passar pela fase de restrição de exercícios e reabilitação, assim como o retorno às fases de atividade física.


O controle de peso após a cicatrização é fundamental, pois um escore corporal aumentado causa sobrecarga da articulação.


Depois da melhora clínica, o cuidado para evitar atividades repetitivas e ganho de peso é essencial.


Referência bibliográfica


Bruce, W & Burbidge, H & Bray, Jonathan & Broome, C. (2000). Bicipital tendinitis and tenosynovitis in the dog: A study of 15 cases. New Zealand veterinary journal. 48. 44-52. 10.1080/00480169.2000.36157.


Sobre o autor

Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.

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