O tétano é uma doença rara em cães e gatos, causada pela toxina da bactéria Clostridium tetani.
Etiologia (causa)
O tétano é causado pela bactéria Clostridium tetani, e a infecção geralmente ocorre pela contaminação da bactéria por meio de uma ferida.
Embora a doença seja descrita nessas espécies, o tétano em cães e gatos não ocorre com frequência, visto que esses animais são mais resistentes à toxina tetanospasmina, ao contrário do que ocorre em equinos.
Predisposição racial
Embora incomum, cães de qualquer raça e idade podem ser acometidos pelo tétano, entretanto, animais entre três meses e dois anos são mais susceptíveis, assim como animais que passam mais tempo ao ar livre, uma vez que estão mais susceptíveis à feridas.
Raças grandes e gigantes, como o Golden Retriever, Labrador Retriever e o Pastor Alemão também são as mais afetadas.
Sinais clínicos (sintomas)
Os sinais clínicos do tétano ocorrem geralmente até 10 dias após a contaminação pela ferida, porém, há relatos de pacientes que desenvolveram sinais clínicos mais tardios.
Pacientes com tétano apresentam sinais clínicos de paralisia espástica, espasmos musculares e hiperexcitabilidade.
O tétano pode apresentar sinais focais ou generalizados. Alguns pacientes com sinais focais podem ter piora do quadro clínico e evoluir para a forma generalizada.
Os animais também podem apresentar trismo mandibular (paciente não é capaz de abrir a boca), dificuldade de deglutição e sialorréia (salivação excessiva), febre e dispneia devido ao comprometimento da musculatura do diafragma.
Outros sinais clínicos podem estar presentes, tais como: enrijecimento do pescoço, dor ao toque, orelhas eretas, enrijecimento da cauda, expressões faciais anormais, e constipação.
Diagnóstico
A suspeita diagnóstica deve ser considerada para animais com histórico recente de feridas e com base nos sinais clínicos mais comuns, como a paralisia espástica e outros citados anteriormente. Infelizmente, não há testes utilizados na rotina clinica veterinária para fechar o diagnóstico definitivo.
A urinálise em animais com tétano pode indicar proteinúria, enquanto os exames bioquímicos podem indicar o aumento da creatina quinase (CK), além de leucocitose.
Tratamento
O tratamento para a fase aguda da doença pode ser realizado com a antitoxina tetânica, com o objetivo de reduzir os sinais clínicos nos animais acometidos. Os antibióticos também são indicados para o tratamento do tétano para redução bacteriana com a finalidade de reduzir a liberação de mais toxinas pela bactéria.
Os pacientes com tétano necessitam de tratamento suporte e cuidados intensivos, tais como sondagem nasogástrica ou esofágica, fluidoterapia, nutrição parenteral e devem permanecer em locais macios para evitar escaras de decúbito.
Referências bibliográficas
Detcharoenyos, Neeranoot & Petchdee, Soontaree. (2020). THERAPEUTIC APPROACH AND MANAGEMENT OF GENERALIZED TETANUS IN DOG. Veterinary practitioner. 21. 80-83.
Quain, Anne & Irwin, Peter. (2014). Diagnosis and treatment of generalised tetanus in dogs. In Practice. 36. 482-493. 10.1136/inp.g6312.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)91258-5102.