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TPLO vs. TTA vs. Sutura Fabelo-Tibial: qual a melhor técnica para o meu cão?

Foto do escritor: Felipe GarofalloFelipe Garofallo

A ruptura do ligamento cruzado cranial (LCC) é uma das afecções ortopédicas mais comuns em cães, levando à instabilidade da articulação do joelho e, consequentemente, à dor, inflamação e degeneração articular progressiva. Entre as diversas técnicas cirúrgicas disponíveis para tratar essa condição, três abordagens se destacam: a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO), a avanço da tuberosidade tibial (TTA) e a sutura fabelo-tibial. A escolha da melhor técnica depende de vários fatores, incluindo o porte do cão, nível de atividade, grau de degeneração articular e a experiência do cirurgião veterinário.



A TPLO (Tibial Plateau Leveling Osteotomy) é uma técnica que altera a biomecânica do joelho ao modificar o ângulo do platô tibial, eliminando a necessidade do ligamento cruzado cranial para estabilização da articulação. O procedimento consiste em uma osteotomia circular na tíbia, seguida pelo reposicionamento do segmento ósseo e fixação com uma placa e parafusos específicos. Essa abordagem reduz a força de cisalhamento exercida sobre a tíbia durante a movimentação, permitindo que o cão recupere a função do membro afetado sem depender da integridade do LCC.


Estudos mostram que a TPLO proporciona excelentes resultados funcionais, especialmente para cães de médio a grande porte e animais altamente ativos. Além disso, é frequentemente recomendada para casos de instabilidade grave ou artrite pré-existente, pois promove uma reabilitação mais previsível e menos propensa a falhas quando comparada a técnicas extracapsulares, como a sutura fabelo-tibial.


A TTA (Tibial Tuberosity Advancement) é outra técnica de osteotomia que visa modificar a biomecânica do joelho. Diferente da TPLO, que altera o ângulo do platô tibial, a TTA avança a tuberosidade tibial, reposicionando o tendão patelar de forma a reduzir a necessidade do ligamento cruzado cranial para estabilização. Essa técnica requer uma osteotomia linear na tuberosidade tibial, seguida pela colocação de um implante especial para manter o segmento ósseo avançado.


A TTA pode ser vantajosa por ser discretamente menos invasiva que a TPLO e por preservar a biomecânica natural do joelho de forma semelhante. No entanto, sua aplicação é mais indicada para cães com ângulos de platô tibial adequados (normalmente abaixo de 25°) e pode apresentar maior risco de complicações em animais com tibia de formato não convencional.


Já a sutura fabelo-tibial, também chamada de sutura extracapsular ou sutura fabelo-tibial, é uma técnica menos invasiva que utiliza um fio de náilon ou material sintético de alta resistência para estabilizar o joelho externamente. O princípio dessa abordagem é mimetizar a função do ligamento cruzado cranial, limitando a translação cranial da tíbia e permitindo que o tecido cicatricial natural contribua para a estabilização da articulação ao longo do tempo.


Essa técnica é comumente recomendada para cães de pequeno porte ou aqueles cujos tutores buscam uma alternativa mais acessível financeiramente. No entanto, sua eficácia pode ser limitada em cães maiores ou mais ativos, pois o fio pode afrouxar ou romper-se com o tempo, resultando em recorrência da instabilidade e necessidade de uma nova intervenção cirúrgica.


A escolha entre TPLO, TTA e sutura fabelo-tibial deve levar em conta diversos fatores. Para cães grandes e ativos, a TPLO é frequentemente a melhor opção devido à sua estabilidade superior e menor taxa de complicações a longo prazo. A TTA pode ser uma alternativa viável para determinados pacientes, especialmente aqueles com ângulos de platô tibial favoráveis e que se beneficiam de uma abordagem um pouco menos invasiva.


Já a sutura fabelo-tibial pode ser adequada para cães menores, idosos ou com restrições financeiras, desde que os tutores estejam cientes da possibilidade de falha mecânica a longo prazo.


Além disso, a experiência do cirurgião veterinário desempenha um papel crucial na decisão do procedimento. A TPLO e a TTA exigem habilidades avançadas e equipamentos específicos, enquanto a sutura fabelo-tibial é mais amplamente realizada e requer menos infraestrutura cirúrgica especializada. O prognóstico para qualquer uma dessas cirurgias melhora significativamente com um programa de reabilitação adequado, incluindo fisioterapia e controle rigoroso do peso corporal do animal.


Diante dessas considerações, a melhor técnica para o seu cão dependerá de uma avaliação individualizada feita por um médico veterinário ortopedista. Um exame físico detalhado, aliado a exames de imagem como radiografias, ajudará a determinar a abordagem mais adequada para restaurar a mobilidade e qualidade de vida do seu pet.


Referências bibliográficas


  • Dycus, D. L., & Levine, D. (2016). Canine Cruciate Ligament Rupture: Biomechanics, Diagnosis, and Treatment. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 46(2), 291-310.


  • Piermattei, D. L., Flo, G. L., & DeCamp, C. E. (2013). Brinker, Piermattei and Flo’s Handbook of Small Animal Orthopedics and Fracture Repair. 5th ed. Elsevier.

Sobre o autor



Felipe Garofallo é médico veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta pelo whatsapp (11)97522-5102.

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