A ruptura do ligamento cruzado cranial (LCC) é uma das lesões ortopédicas mais comuns em cães e pode levar a dor significativa e problemas de mobilidade.
Prevenir essa lesão, embora não seja totalmente garantido, é possível através de uma série de práticas e medidas preventivas que visam fortalecer a saúde articular e muscular do cão, além de minimizar os fatores de risco.
Manter um peso saudável é crucial na prevenção da ruptura do LCC. O excesso de peso exerce uma pressão adicional nas articulações dos cães, aumentando o risco de lesões.
Para evitar a obesidade, é essencial fornecer uma dieta equilibrada e adequada ao tamanho, idade e nível de atividade do cão. A alimentação deve ser rica em nutrientes necessários para a saúde das articulações, como ácidos graxos ômega-3, glucosamina e condroitina.
Além disso, evitar petiscos calóricos e monitorar a quantidade de ração são práticas recomendadas. O exercício regular e controlado é outro fator importante na prevenção da ruptura do LCC.
Atividades físicas ajudam a manter a musculatura forte e as articulações flexíveis. No entanto, é importante que os exercícios sejam apropriados para a idade e a condição física do cão.
Exercícios de baixo impacto, como caminhadas moderadas, natação e brincadeiras controladas, são benéficos. Evitar movimentos bruscos, saltos excessivos e atividades intensas pode reduzir o risco de lesões. Um programa de exercícios consistente e bem planejado ajuda a fortalecer os músculos que suportam as articulações, proporcionando estabilidade adicional.
A prevenção de traumas e lesões acidentais também é fundamental. Supervisionar os cães durante as brincadeiras, especialmente quando interagem com outros animais, pode evitar comportamentos que resultem em movimentos abruptos ou colisões.
Em casa, é importante garantir que o ambiente seja seguro, sem superfícies escorregadias ou obstáculos que possam causar quedas. Utilizar tapetes antiderrapantes e rampas em vez de escadas pode ser útil, especialmente para cães de raças predispostas a problemas articulares.
Conhecer a predisposição genética é igualmente importante. Algumas raças, como o Labrador Retriever, o Rottweiler e o Golden Retriever, têm maior propensão a desenvolver problemas no LCC devido à estrutura corporal e genética.
Se você possui um cão de uma raça predisposta, a prevenção se torna ainda mais crucial. Conversar com o veterinário ortopedista sobre medidas preventivas específicas para essas raças pode ser útil. O veterinário pode recomendar suplementos articulares, dietas específicas e programas de exercícios personalizados.
A saúde geral do cão também impacta a prevenção de lesões no LCC. Manter um regime regular de check-ups veterinários garante que qualquer problema de saúde subjacente seja identificado e tratado precocemente.
Doenças que afetam o metabolismo ósseo e muscular, como hipotiroidismo, podem enfraquecer as articulações e aumentar o risco de ruptura do LCC. Portanto, monitorar e manter a saúde sistêmica do cão é essencial.
Fisioterapia preventiva pode ser uma excelente abordagem para cães com alto risco de ruptura do LCC. Sessões regulares de fisioterapia, que podem incluir exercícios de fortalecimento muscular, alongamentos e massagens, ajudam a manter a saúde articular e a flexibilidade.
Profissionais de fisioterapia veterinária podem desenvolver programas personalizados para atender às necessidades específicas de cada cão.
A suplementação com produtos que promovem a saúde das articulações pode ser considerada, especialmente para cães mais velhos ou raças predispostas. Suplementos que contêm glucosamina, condroitina e ácidos graxos ômega-3 ajudam a manter a integridade das articulações e a reduzir a inflamação.
É importante, entretanto, consultar o veterinário antes de iniciar qualquer suplementação para garantir que seja adequada e segura para o seu cão.
A detecção precoce de sinais de problemas articulares pode ajudar a prevenir a ruptura completa do LCC. Ficar atento a sinais como mancar, dificuldade para levantar-se, relutância em subir escadas ou em pular, e alterações na postura ou no andar, pode permitir que você busque ajuda veterinária antes que uma lesão mais grave ocorra.
O tratamento precoce de lesões menores e o manejo adequado podem impedir que evoluam para rupturas do LCC.
Em conclusão, embora não seja possível garantir completamente a prevenção da ruptura do ligamento cruzado cranial em cães, uma abordagem abrangente e proativa pode significativamente reduzir os riscos. Manter um peso saudável, proporcionar exercícios regulares e apropriados, prevenir traumas, conhecer e manejar predisposições genéticas, manter a saúde geral do cão e considerar fisioterapia e suplementação são medidas eficazes para promover a saúde articular. A combinação dessas práticas ajuda a manter a qualidade de vida do seu cão e a evitar essa lesão dolorosa e debilitante.
Referências bibliográficas
Spinella, Giuseppe & Arcamone, Giulia & Valentini, Simona. (2021). Cranial Cruciate Ligament Rupture in Dogs: Review on Biomechanics, Etiopathogenetic Factors and Rehabilitation. Veterinary Sciences. 8. 186. 10.3390/vetsci8090186.
Sobre o autor
Felipe Garofallo é médico-veterinário (CRMV/SP 39.972), especializado em ortopedia e neurocirurgia de cães e gatos e proprietário da empresa Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades. Agende uma consulta presencial ou consultoria on-line por vídeo pelo whatsapp (11)91258-5102.
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